11 março 2015

Resenha: A Menina que Roubava Livros


Olá Skyscrapers!

Hoje eu vim trazer a primeira resenha do especial! É sobre um livro que me emocionou muito e que está entre os meus queridinhos - e também me ensinou um pouco de alemão, pelo menos a parte dos xingamentos, rs - , é "A Menina que Roubava Livros". Já vi o filme também, e em breve trarei a crítica e a comparação para vocês, porque agora é hora de falar de comoção! Vamos lá?

Nome: A Menina que Roubava Livros
Autor: Markus Zusak
Páginas: 480
Editora: Intrínseca
Sinopse: A trajetória de Liesel Meminger é contada por uma narradora mórbida, surpreendentemente simpática. Ao perceber que a pequena ladra de livros lhe escapa, a Morte afeiçoa-se à menina e rastreia suas pegadas de 1939 a 1943. Traços de uma sobrevivente: a mãe comunista, perseguida pelo nazismo, envia Liesel e o irmão para o subúrbio pobre de uma cidade alemã, onde um casal se dispõe a adotá-los por dinheiro. O garoto morre no trajeto e é enterrado por um coveiro que deixa cair um livro na neve. É o primeiro de uma série que a menina vai surrupiar ao longo dos anos. O único vínculo com a família é esta obra, que ela ainda não sabe ler.
Assombrada por pesadelos, ela compensa o medo e a solidão das noites com a conivência do pai adotivo, um pintor de parede bonachão que lhe dá lições de leitura. Alfabetizada sob vistas grossas da madrasta, Liesel canaliza urgências para a literatura. Em tempos de livros incendiados, ela os furta, ou os lê na biblioteca do prefeito da cidade.
A vida ao redor é a pseudo-realidade criada em torno do culto a Hitler na Segunda Guerra. Ela assiste à eufórica celebração do aniversário do Führer pela vizinhança. Teme a dona da loja da esquina, colaboradora do Terceiro Reich. Faz amizade com um garoto obrigado a integrar a Juventude Hitlerista. E ajuda o pai a esconder no porão um judeu que escreve livros artesanais para contar a sua parte naquela História. A Morte, perplexa diante da violência humana, dá um tom leve e divertido à narrativa deste duro confronto entre a infância perdida e a crueldade do mundo adulto, um sucesso absoluto – e raro – de crítica e público.


Primeiro, as cores.
   Depois, os humanos.
   Em geral, é assim que vejo as coisas.
   Ou, pelo menos, é o que tento.

      • EIS UM PEQUENO FATO •
            Você vai morrer.
É assim que começa A Menina que Roubava Livros. A Morte se apresenta e é ela que conta a história de Liesel Meminger. A história se passa na Segunda Guerra Mundial, durante a "liderança" de Hitler.

Liesel e seu irmão estão no trem com sua mãe quando seu irmão falece, e esse é o primeiro encontro da Morte com a menina. A viagem é interrompida e seu irmão é enterrado num cemitério próximo. Um dos coveiros deixa cair um livro, e Liesel rapidamente o pega, seu primeiro roubo: O manual do coveiro


Ela é levada para um casal que iria adotá-la: Rosa e Hans Hubermann, seus novos "pais". 

Rosa é nervosa, grosseira e rigorosa de início, mas no decorrer da leitura vamos entendendo mais a mulher e começamos a nos afeiçoar por ela. Ela na verdade é carinhosa, e esse seu modo de agir é só o que ela se tornou para lidar com tudo, é uma imagem que a faz se sentir mais forte. A gente até se apega aos apelidos saukerl e saumensch e até passa a considerá-los amorosos.

Hans é atencioso e carinhoso, sempre esquecendo dele mesmo para ajudar a quem ama e fazendo de tudo para colocar um sorriso no rosto de sua mulher e sua nova filha, e também sempre tenta ajudar os outros no que pode. Outro ponto marcante de Hans é seu acordeão, que por sinal a menina ama escutar.
O ser humano não tem um coração como o meu. O coração humano é uma linha, ao passo que o meu é um círculo, e tenho a capacidade interminável de estar no lugar certo na hora certa. A conseqüência disso é que estou sempre achando seres humanos no que eles têm de melhor e de pior. Vejo sua feiúra e sua beleza, e me pergunto como uma mesma coisa pode ser as duas. Mas eles tem uma coisa que eu invejo. Que mais não seja, os humanos têm o bom senso de morrer.
Liesel acorda várias vezes durante a noite com pesadelos, e é seu pai adotivo que vai confortá-la. Ela é muito apegada ao seu primeiro livro, mesmo não sabendo lê-lo, pois a faz se lembrar de sua mãe biológica e de seu irmão. 

No decorrer da história tem mais duas pessoas que se tornam importantes na vida da menina: Rudy e Max.


Rudy é seu vizinho e seu primeiro amigo. Eles passam o dia todo juntos: vão para a escola juntos, brincam juntos, brigam, apostam corridas, se metem em encrencas, fazem coisas erradas, se ajudam, compartilham medos e segredos. Liesel confia em Rudy e ele a faz se sentir bem, e o menino também se sente assim com relação a ela. 

Max é outro ponto de paz para Liesel, e um mudou completamente a vida do outro. Max é um judeu que sua família está cuidando e escondendo no porão, e um se apega ao outro com todas as suas forças, como se fosse isso que os mantivesse vivos.
Odiei as palavras e as amei, e espero tê-las usado direito.
Aos poucos Liesel vai aprendendo a ler e escrever e vai começando a enxergar o mundo com seus próprios olhos, não somente pelo que as pessoas falam dele. Ela se conecta com as palavras e tem uma relação de amor e ódio com elas, pois, ao mesmo tempo que elas podem tornar nosso dia cinzento, elas também podem colorir tudo. Liesel se apega às palavras e, pode ter certeza, ela sabe como usá-las.
Lamentou acordar. Tudo desaparecia quando ela estava dormindo.
Tudo que eu for tentar falar sobre esse livro não será o suficiente. Sabe aquele livro que você levaria com você sua vida inteira? Aquele livro que muda te envolve e te cativa? Esse livro é A Menina que Roubava Livros. Com certeza ele entra para a listinha de "livros para ler antes de morrer. 

No início eu não achei que fosse gostar tanto, nos primeiros capítulos eu não entendia como o livro poderia ter chegado ao ponto de render tantos comentários apaixonados como os que eu ouvia, mas no decorrer das páginas tudo foi ficando bem claro, e eu passei a ser essa pessoa apaixonada que falava dele.


O diferencial de Markus Zusak chamou a minha atenção e foi um ponto de extrema importância para essa obra: a Morte narrando a história, sem nem sabermos ao certo quem ou o quê e como ela é, sua forma poética e única de escrever e descrever os acontecimentos, e o fato de que o livro te prende e te cativa tanto sem um ponto de suspense. Sim, a Morte conta se a pessoa vai ou não ficar viva, às vezes até como e quando morrerá e, quando algum ponto de curiosidade está se formando, a Morte já te conta o final disso antes de terminar o capítulo.

A arte do livro também está sensacional! As ilustrações estão divinas, tanto a da capa como algumas que vão aparecendo no decorrer do livro, a mudança das letras em determinadas partes... tudo ficou muito lindo. 
Quando Liesel se foi nesse dia, disse uma coisa com grande constrangimento. Na tradução, lutou com duas palavras gigantescas, carregou-as no ombro e as largou como um par atamancado aos pés de de Ilsa Hermann. Elas caíram de banda, quando a menina deu uma guinada e não pôde mais suportar o peso. Juntas, as duas ficaram no chão, grandes, altas e canhestras.
- Duas Palavras Gigantescas-
sinto muito.
O único defeito que encontrei é que as páginas são bem fininhas, então às vezes as letras da página anterior se embaralhavam com as do verso dessa folha, e isso me atrapalhou um pouco. Mas foi só isso, todo o trabalho da editora está lindo, é uma verdadeira obra de arte.

É uma história emocionante, você se apaixona mais e mais a cada página, as palavras ficam gravadas em sua memória. Liesel é única, e todos os personagens são cativantes - em particular, Rudy, meu preferido, cof cof.
Talvez esse seja um castigo justo para aqueles que não possuem coração: só perceber isso quando não pode mais voltar atrás.
Esse tipo de livro leva suas emoções ao extremo. Eu me apaixonei, dê uma chance a ele e você se apaixonará também, porque "quando a morte conta uma história, você deve parar para ler.", e não vai se arrepender.

~xoxo
Está aí uma coisa que nunca saberei nem compreenderei - do que os humanos são capazes.

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