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23 janeiro 2016

Resenha: O Exorcista


Olá skyscrapers!

Hoje eu trouxe para vocês a resenha de um livro que me surpreendeu muito, de um gênero que eu adoro mas que tem uma capa muito feia: O Exorcista! Tá, nem todas as capas são feias, mas a que eu tenho é. Eu mostrei ela no vídeo, que vocês podem ver logo abaixo.


E para ver o post escrito é só continuar lendo:

Nome: O Exorcista
Autor: William Peter Blatty
Páginas: 348
Editora: Europa-América
Sinopse: Nos Estados Unidos da América, algo muito estranho acontece. Atingida por uma doença que os melhores especialistas não conseguem descobrir, uma criança caminha para a morte, semeando a destruição à sua volta, ao mesmo tempo que se vai apagando numa agonia atroz.








O Exorcista conta a história da famosa atriz Chris MacNeil e de sua filha Regan, que tem 12 anos. Regan conta que costuma brincar com um tabuleiro Ouija que ela encontrou e que fez um amigo, mas Chris não dá muita importância, afinal, crianças brincam com tudo e tem amigos imaginários, não é mesmo?

Porém, coisas estranhas começam a acontecer, Regan vai ficando cada vez mais doente, e os médicos não conseguem achar uma explicação nem nada que traga alguma melhora à menina. Devido a isso, Chris acaba se lembrando do "amigo" de Regan e começa a pesquisar sobre o assunto. Confusa e sem saber o que fazer, ela recorre a um padre jesuíta chamado Damien Karras com o intuito de descobrir o que está acontecendo com a sua filha.
O oculto é algo diferente. Eu me mantive longe disso. Acredito que mexer com ele pode ser perigoso. E isso inclui mexer num tabuleiro Ouija.
O Exorcista é um livro diferente... Não existe muito suspense, o que tem que acontecer acontece e pronto, mas mesmo assim você fica super curioso e ele consegue mexer com o seu psicológico, fazendo você acreditar no que ele está contando, mostrando todos os fatos, e depois te faz mudar de ideia em poucas cenas novamente, literalmente brincando com o leitor também.

Ele é narrado em terceira pessoa, mostrando o ponto de vista de todos os personagens, em especial de Chris e Karras. E as descrições que ele dá são bem realistas, então você facilmente se imagina assistindo todas as cenas, o que torna tudo bem mais impactante e... nojento.
Alguma vez você já pensou em morrer? (...) Já pensou nisso Burke? No que isso significa? Quero dizer, no que significa mesmo?
Sim, O Exorcista é um livro extremamente nojento. E eu que gosto de ler um pouco antes de almoçar tive que perder esse hábito por um tempo, porque ele me enjoava. Tudo que acontece é muito explicito, desde o desespero até os atos de violência que acontecem com as personagens. Quem já viu o filme tem um belo vislumbre do que eu estou querendo dizer, mas não sei, mesmo a adaptação sendo muito boa, no livro foi tudo muito mais intenso, pelo menos pra mim.

Mesmo nas cenas mais brandas, o clima do livro está tenso. Isso se deve ao fato de toda a atmosfera criada para a história estar sombria. Nos momentos de calma, mesmo sem dizer nada sobre o assunto no livro, o leitor fica impaciente, porque parece que tem alguma coisa errada, que está sendo preparada uma coisa horrível para acontecer.
Que ótimo dia para um exorcismo!
A história te prende de tal forma que, quando você não está lendo, você tenta desvendar todos os questionamentos que o narrador "jogou" em você nas páginas que se passaram. Como eu já disse, o escritor soube usar muito bem essa parte do terror psicológico e consegue realmente entrar em sua mente e fazer você acreditar no que ele quer que você acredite naquele momento.

O livro também tem vários questionamentos sobre a fé, ele tenta passar uma lição de fé, que é inserida de uma forma branda e que você nem percebe direito. Além de todas as dúvidas, lutas e essas coisas a que somos apresentados,  ele tenta mostrar que não é o corpo que realmente importa, e sim o espírito.
Se eu estou certa, talvez a ponte entre os dois mundos seja o que você mesma acabou de mencionar, o subconsciente. Só sei que coisas parecem acontecer. E, minha querida, há hospícios no mundo todo repletos de pessoas que mexeram com o oculto.
Fiquei em dúvida ao dar a nota, mas acabei optando por 4 porque, apesar de eu ter gostado muito do livro, eu ando tendo muita dificuldade de dar a nota máxima. Não sei, acho que estou ficando mais crítica, mas eu senti que faltou alguma coisa, sabe? O livro é ótimo, eu recomendo demais, mas sinto que ele poderia sim ser melhor. Então é isso, nota 4 porque ele poderia ser melhor, mas é um livro realmente muito bom e recomendo pra quem gosta do gênero, afinal, não é a toa que ele se tornou um clássico, não é mesmo?

Espero que tenham gostado da resenha e se lerem o livro me contem o que acharam. Até semana que vem.

~xoxo

12 dezembro 2014

Nas Telas: Série "Dexter"


Olá skyscrapers!

Hoje vim trazer para vocês o sexto post da maratona "Nas Telas", com uma das minhas séries favoritas! Devido ao vestibular, dei uma diminuída no ritmo, ficando alguns meses sem assistir, então ainda não a terminei - é, comecei a assistir um pouco atrasada... - , mas já sei que o final é bem polêmico, assim como o final de How I Met Your Mother. Se quiserem, quando eu terminar trago um post sobre o que eu achei do último episódio. 

Fiquei um tempinho sem postar aqui, mas já estou voltando. Fiz um post explicando o motivo, que foi basicamente falta de internet, mas se quiser ver basta clicar aqui.

Dexter é uma série baseada em livros, que já estão na minha listinha de desejados. A série ficou em 30º lugar na lista das 50 Melhores Séries de TV de Todos os Tempos da revista Empire, em 2008, então já dá para imaginar do que estou falando, né? 


Sinopse: Dexter Morgan é adotado aos três anos de idade por Harry Morgan e Doris, depois de ter se tornado órfão. Após detectar sua tendência homicida, o pai de Dexter decide ensinar a ele um código no intuito de canalizar a raiva do filho para situações mais propícias à violência. Nesta nova lógica, Dexter deve matar apenas assassinos de pessoas inocentes com a condição de provar sua culpa. Ele inicia o desenvolvimento de diversas estratégias usando seu conhecimento e a experiência para realizar sua nova função.


Nota: Só serão listados os personagens principais, os secundários não aparecerão. A ordem será a mesma da fotografia acima.

Nota 2: Tem também mais alguns personagens (poucos) que vão entrando depois e se tornam principais, mas eu não os listarei aqui. Por suas descrições poderem dar spoilers sobre o momento da série que eles entram e, portanto, comprometer o aproveitamento de quem for assistir a partir do post.

Vince Masuoka: Investigador forense chefe do Departamento de Polícia, é brincalhão e fala muita besteira. Também é mulherengo, mas muito amigo e adora festejar.

Maria LaGuerta: Tenente no comando da Divisão de Homicídios, é durona e determinada e coloca o seu trabalho na frente de tudo, chegando a perder muitas coisas para conquistar uma promoção ou para garantir o seu lugar.

Harry Morgan: O falecido pai de Debra e pai adotivo de Dexter. Foi detetive e integrante respeitável do Departamento de Polícia de Miami, sempre aparecendo nas lembranças de Dexter eu como sua consciência, o aconselhando. Mesmo sem a presença dele, Debra e Dexter buscam seguir suas vontades, e sentir que ele estaria se orgulhando deles.

Angel Batista: Detetive da Divisão de Homicídios, amigo de Dexter (também o vendo como conselheiro), bondoso e às vezes até meio inocente. Coloca os outros à sua frente, buscando sempre fazer todos felizes.

Rita Bennet: Mãe divorciada de dois filhos, recuperando-se dos abusos sofridos nas mãos de seu ex-marido, Paul. Arrisca um relacionamento com Dexter, Com o qual a cada temporada se aproxima mais. É meio insegura, mas bem determinada e dá a vida por seus filhos.

James Doakes: Sargento de polícia, serve como detetive e investigador-chefe da Divisão de Homicídios. Odeia instintivamente Dexter, é explosivo e até um pouco cabeça-dura, e procura sempre fazer o que é melhor para si, sem pensar nas consequências.

Debra Morgan: Irmã mais nova de Dexter. Inspirada pela carreira lendária de seu pai na polícia, ela decide entrar para a corporação, onde tenta desesperadamente tornar-se detetive a Divisão de Homicídios. Faz tudo por seu irmão e sempre prioriza o outro, tentando ajudar quem precisa primeiro para depois pensar em si mesma e, embora tente esconder pelo seu jeito de durona, é bem sentimental em alguns momentos.

Dexter Morgan: O protagonista e narrador da série, trabalha como analista forense especialista em padrões de dispersão de sangue no departamento de polícia do Condado de Miami-Dade, levando uma vida dupla como serial killer, seguindo o código ensinado por seu pai.


Episódios: 96
Temporadas: 8
Status: Finalizada

Nota: Esses dados não serão atualizados, portanto essas informações são referentes ao dia 30 de novembro de 2014.


Curiosidades: Enquanto grande parte das séries de TV são localizadas no entorno da cidade de Miami, na Flórida, as exteriores de Dexter são filmadas em Long Beach, na California e as interiores nos estúdios de Sunset-Gower, no Sunset Boulevard. Profissionais de segunda unidade da equipe técnica gravaram um material adicional em Miami para ajudar no realismo do programa.

Embora tenham interpretado irmão e irmã na série, o ator Michael C. Hall e a atriz Jennifer Carpenter casaram-se no dia 31 de Dezembro de 2008, mas se divorciaram 2 anos depois.

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Referente à nota, está essa data porque foi a data que eu terminei de pesquisar e escrever, já que tive que fazer em partes, em diversos lugares e em um arquivo a parte, até conseguir entrar aqui e postar.

A série é muito legal, não entra nas minhas top 5, mas com certeza está entre as que eu mais gosto. Se você curte esse mundo de psicopatas, serial killers, suspense e drama, você vai adorar essa série, recomendadíssima. 

E vocês, já viram a série? O que acharam? Gostam de séries desse tipo? Tem alguma recomendação? Deixem sua opinião nos comentários.

~Xoxo

20 agosto 2014

Sorte Ou Azar? - Capítulos #Day81


Hello angels!

Eu tinha me esquecido de colocar os links dos capítulos, me desculpem. Vi ontem que ainda não havia colocado então passei isso na frente de todas as outras postagens.

Se você ainda não leu a fanfic, aqui estão os capítulos listados, o que facilita muito na hora da navegação! See:



E para os fãs de Inspiration: o primeiro capítulo sai ainda essa semana! Espero que gostem. Mas, antes de postar, me respondam uma coisa: preferem dividido em partes ou um capítulo único grande? Se for em partes posto duas vezes por semana, se for um único posto somente uma vez. 

Obrigada a todos que leram a fic e me acompanharam em mais essa jornada, aos que comentaram e me mandaram mensagens, agradeço de coração.

Espero que tenham gostado, skyscrapers. See ya ♥


05 agosto 2014

Sorte ou Azar? - Capítulo 22 #Day66


Meu joelho estava bem machucado, mas não o desloquei. O médico disse que o hematoma provavelmente ia até o osso, mas que iria sumir. Um dia. Mais ou menos, eu esperava, como aconteceria com minha lembrança do que havia acontecido naquela noite no caramanchão. 
Bem, não todas as lembranças daquela noite, claro. 
Quando voltei à Encantos, para agradecer a Lisa por tudo que ela havia feito por mim e contar o que havia acontecido – por exemplo, o motivo pelo qual eu estava usando muletas –, ela sorriu e disse: 
- Então. Você fez. 
Não precisei perguntar o que ela queria dizer. 
- É. Fiz. 
Ela mandou que eu dormisse com lavanda embaixo do travesseiro. Isso iria adoçar meus sonhos. 
Não adoçou. 
Mas definitivamente fez a roupa de cama cheirar melhor. 
O que ajudou, na verdade, foi o tempo. O tempo e, claro, os amigos. 
Tia Jennifer e tio Brad ficaram horrorizados ao saber o que Miley havia feito comigo. Mas ela ainda era filha deles e, bem, eles precisavam defendê-la. 
Mesmo que ela fosse totalmente maluca. 
Eu podia entender. E não era como se ela tivesse tentado me matar. 
Tenho quase certeza. 
Miley só pretendia tomar algumas gotas do meu sangue, absorver o que quer que ela estava tão convencida de que eu havia herdado e ela não, me obrigar a beber alguma poção nojenta feita com cogumelos tirados de uma lápide, e depois me soltar. 
Pelo menos foi o que ela disse aos pais que teria acontecido, se Joe não tivesse intervindo. 
Acho que acredito. Quero dizer, é a mesma história que Emily e Chelsea contaram aos pais DELA. 
Mas elas, claro, dificilmente admitiriam que tinham sido cúmplices de uma tentativa de assassinato.
Verdade: a única dúvida que eu tinha em relação a coisa toda era... bem, a que apresentei ao Joe no dia seguinte. Eu havia chegado do consultório médico e estava com um saco de gelo no joelho, sentada diante da TV, enquanto o senhor e a senhora Pitt iam aos terapeutas de Miley... com Miley, claro.

A dúvida era: como ele ficou sabendo? O que estava acontecendo no caramanchão? 
- Eu estava acordado. Não conseguia dormir. – Ele me lançou um sorriso torto. – Acho que você sabe por quê. 
- Aquele boneco era de Miley – falei pelo que parecia a milionésima vez – e não... 
- ... seu. Eu sei. Chelsea disse isso ontem à noite, lembra? De qualquer modo, eu estava acordado e... não lembro exatamente. Ah, ouvi um gato chorando. Devia ser Mouche... 
- Era. 
Mouche estava em segurança com Ashley, que não ficou sabendo que sua gata amada havia sido usada de modo tão perigoso. 
- Certo. Bem, foi então que olhei pela janela e percebi as luzes no caramanchão. E só achei... esquisito. Você sabe, as velas acesas. E também que Mouche estivesse do lado de fora tão tarde. Por isso desci e pulei o muro para dar uma olhada. Enquanto me aproximava, escutei aquelas maluquices que Miley estava falando com você. Então entrei e vi... bem, você sabe o que eu vi. 
Confirmei com a cabeça. É. Eu sabia o que ele tinha visto. 
E também o que tinha ouvido. 
Mouche, é. Mas também eu. Ele me ouviu
Ele não sabia. Provavelmente nunca saberia. Mas tudo bem. 
Por enquanto. 
- Mas se você sabia que o boneco não era meu, o tempo todo, porque não disse nada? Quero dizer, no baile? 
- Você foi embora tão depressa, como é que eu poderia? Tentei passar aqui mais tarde, mas Petra disse que você estava dormindo. De qualquer modo, eu sabia que você não tinha feito o boneco porque conheço você. Você sempre conta a verdade... bom, a não ser por aquela mentirinha de ter comprado o livro para o aniversário de sua irmã Dallas. – Fiquei vermelha, espero que de um modo bonito. Mas mesmo assim... – E que você acabou confessando. Admitiu que fez o boneco do Dylan, e era fácil ver que os dois bonecos não tinham sido feitos pela mesma pessoa. 
Espero que sim. Afinal, eu tirei dez em costura na sétima série. Ao passo que o boneco feito por Miley... bem, dava para ver que era feito por alguém que nunca havia costurado nem um pegador de panelas.

- Por isso eu sabia que você não tinha tentado fazer um feitiço de amor para mim usando um boneco idiota – continuou Joe. – Mas... bom, mais cedo naquele dia eu encontrei um negócio esquisito na minha mochila...
E tirou do bolso dos jeans o saquinho que Lisa havia feito para mim. 
- Isso é para proteção – expliquei. – Eu estava preocupada com a hipótese de Miley fazer alguma coisa contra você. Você deve ficar com isso, para que nada de ruim lhe aconteça. 
Ele olhou para o saquinho e assentiu. 
- Suspeitei de algo assim – ele recolocou o sachê no bolso. – Mas não tinha certeza. Então percebi o que ele queria dizer. 
- Espera... você não achou que era uma poção do amor, ou algo do tipo, achou? – perguntei ficando totalmente vermelha. 
- Bom. Eu estava mesmo tendo dificuldade para tirar você da minha cabeça. Por isso me passou pela mente que talvez... 
- Joe! – gritei sentando-me. E machucando o joelho. – Eu nunca... eu já disse, aprendi minha lição com o Dylan! Nunca, nunca mais vou fazer nenhum feitiço de amor enquanto viver. 
- Eu sei – ele riu. – Eu me apaixonei por você muito antes de você ter a chance de me enfeitiçar. Foi quando falou "nunca estive em Long Island"
Não consegui esconder um enorme riso pateta. 
- Me apaixonei por você no "eu gosto de focas" – admiti. 
Ele riu de volta. 
- E, de qualquer modo – continuou ele –, você sabe que eu não acredito nessa bobagem de bruxaria. Já falei isso. 
- Sei que não acredita. Mas você tem de admitir... – Como é que eu poderia dizer? – O negócio com o Dylan... 
- Você mesma disse. Ele era um cara preparado para se apaixonar e você apareceu na hora certa. 
- É. Mas como explicar eu ter empurrado você do caminho do mensageiro de bicicleta? 
- A mesma coisa. Lugar certo, hora errada. 
- E ontem a noite? Joe, como você ao menos pode começar a explicar a noite passada? 
- Que parte? A parte em que sua prima psicopata tentou tirar seu sangue para herdar um pouco da magia da sua avó morta? Ou a parte em que salvei você?

- A segunda parte. Como você sabia que deveria olhar pela janela naquela hora? 
- Eu disse. Ouvi a gata de Ashley. 
A gata? Ou eu? 
Ou... Branwen? 
- De qualquer modo – Joe deu de ombros –, agora estamos quites, você sabe. Não lhe devo mais servidão eterna. Você me salvou de ser atropelado por uma bicicleta e agora eu salvei você de sua prima psicótica. E, por falar em psicótica, o que aconteceu com o tal do Dylan, afinal? 
- Os Pitt o puseram num avião de volta para Iowa hoje cedo – suspirei. 
Percebi que jamais conseguiria fazer com que Joe admitisse a existência de algo como magia. Ah, bem. Ele acabaria descobrindo sozinho. Pelo menos se ficasse perto de mim por tempo suficiente. Disso eu não tinha dúvida. 
- Meus tios descobriram que ele estava hospedado no Waldorf. Miley usou um cartão de crédito deles para pagar um quarto, sem falar da passagem de avião. Ele gastou quinhentos dólares só em serviço de quarto e pay-per-view. 
- Uau. Sem dúvida você sabe escolher. 
Joguei uma almofada do sofá em cima dele. Joe pegou-a rindo e disse: 
- Você deve estar se sentindo melhor. 
Em seguida se acomodou no sofá perto de mim, tendo cuidado com meu joelho machucado, e se inclinou até estar com o rosto a uns dois centímetros do meu. 
- Ei, Demi – disse ele, muito mais baixinho. 
Olhei para os lábios de Joe, e de volta para seus olhos. 
- Sim? 
- Tenho a sensação – ele começou a olhar para os meus lábios também – de que ninguém mais vai chamar você de Jinx. Acho que de agora em diante sua sorte vai mudar. 
E então me beijou. 

É estranho, mas Joe estava certo. Com relação à minha sorte mudar. Na verdade, já havia mudado desde que Joe se apaixonou por mim... Mas eu só soube disso depois que ele me beijou a primeira vez.
Mas tiveram mais coisas também... Por exemplo: aquela bolsa da escola Chapman, da qual Joe me falou.
Bom, eu fiz o teste. 
E ganhei. 
Em seguida, claro, houve a parte incômoda... perguntar a tia Jennifer e tio Brad se eu podia ficar com eles durante o próximo ano letivo.

Mas pelo modo como eles reagiram, ficou claro que nunca haviam pensado que eu ao menos pudesse querer voltar a Hancock. Agora eu fazia parte da família – da família deles – e podia ficar o quanto quisesse.
Isso talvez se devesse ao fato de que, no fim das contas, foi Miley que partiu... para um internato militar, onde passou o resto do segundo ano do ensino médio, além das férias de verão. E então, quando voltou – o cabelo tingido de preto havia sumido e os pêlos curtos e novos de seu louro natural cobriam a cabeça dela como a penugem de um pintintinho –, seus pais tinham uma surpresa: haviam feito a inscrição dela num colégio interno "especial", em vez da Chapman, para o ano seguinte. 
E ainda que Miley os tivesse acusado de mandá-la para o colégio militar, isso não era verdade. De jeito nenhum. A escola para onde a mandaram era um lugar lindo na área rural de Iowa – imagine só –, onde os alunos faziam coisas como cuidar de uma fazenda, caminhadas e basicamente desafiarem a si mesmos como nunca haviam feito antes. Em outras palavras... 
Aprendiam a abraçar seus temores. 
Todos os dias. 
Não foi fácil para tia Jennifer e tio Brad mandá-la para lá. Mas, como disse minha tia, ela precisava se preocupar com Braddy e Ashley, e não achava que Miley fosse exatamente o melhor modelo de comportamento no mundo, para eles. 
E sabe o que era bom com relação ao lugar onde haviam mandado Miley? Ela podia ficar com a minha família nos fins de semana. 
Isso mesmo. Miley ia visitar Hancock todo sábado e domingo, e ver como era ser filha de uma pastora, e pagar a própria língua. 
Segundo Taylor, para quem Miley escrevia ocasionalmente, Miley achou a vida na minha casa mais difícil ainda do que no colégio militar. 
Mas havia uma pessoa para consolá-la no sofrimento. 
Com Dylan vindo todos os fins de semana da Universidade Estadual de Iowa, e Miley lá em Hancock todo fim de semana, bem... acho que era natural que o amor florescesse.

Pelo menos se der para acreditar no último e-mail de Dallas – reclamando que Dylan e Miley vivem levando bronca de mamãe porque ficam se agarrando na sala de TV. 
E, apesar do que Joe pudesse pensar, não tive nada a ver com isso. Afinal de contas, tinha prometido a Joe que não faria feitiços de amor. 
E falei sério. Porque o amor melhor e mais duradouro tem magia própria, e não precisa da ajuda de nenhum feitiço. 
Joe também estava certo com relação a outra coisa: 
Agora ninguém me chama de Jinx. É só Demi. A simples e velha Demi. 
E eu gosto.

FIM!

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Acabou, o que acharam do fim? Da fic? Do último cap?
Espero que tenham gostado, tributos. Deixo vocês com o trecho escolhido para o último cap:
"This is real. This is me. I'm exactly where i'm supposed to be now" ♪

Em breve Inspiration estará de volta! Vou só esperar sair a crítica.
Sim, eu criei vergonha na cara e enviei a fic, que eu estava com medo de enviar, mas creio que sendo bons ou ruins, os comentários serão comentários construtivos, então superei o medo e o nervosismo e mandei. Quando a crítica sair já começo com a segunda temporada, mas antes postarei um resumo completo da primeira, como se fosse um "anteriormente", esse post pode vir antes da crítica.

~See Ya :*


27 julho 2014

Sorte ou Azar? - Capítulo 21 #Day57


- Joe! – gritou Miley, levantando-se. – Ah, meu Deus! O que você está fazendo aqui? Sua visita é um prazer! 
Mas Joe não parecia no clima para amenidades sociais. Talvez fosse o tampo de vidro da mesa que havia rolado sobre a bainha da saia de Miley, que ela estava tentando soltar, desesperada, embora simulasse casualidade. Ou talvez fosse a faca, ainda nas mãos dela, ou a poção de cogumelos derramada no vestido. 
Talvez fosse a expressão culpada de Chelsea e Emily. 
Ou talvez fosse o fato de que eu estava amarrada, amordaçada e esparramada de modo vergonhoso no piso do caramanchão. 
De qualquer modo, ele não respondeu à pergunta de Miley. Em vez disse se ajoelhou ao meu lado e tirou as luvas da minha boca. 
- Você está bem? – perguntou. 
Confirmei com a cabeça. Não creio que eu teria falado, mesmo se quisesse. Não porque minha prima tinha tentado me matar. Mas porque Joe havia corrido para me resgatar sem se lembrar de vestir uma camisa.
Talvez Miley tivesse me matado, e eu havia morrido e ido para o céu. 
Só que, se isso era o céu, por que Emily estava chorando? 
- Ah, Joe, por favor não conte ao senhor e à senhora Pitt sobre isso – implorou ela. – A senhora Pitt é do mesmo grupo de voluntários da Sloan-Kettering da minha mãe. Ela vai me MATAR se descobrir que eu estava brincando de ser bruxa. 
Foi então que Miley berrou: 
- EMILY! CALA A BOCA! – E em seguida começou a falar ininterruptamente: – Nós tentamos fazer com que ela parasse. Sério, por Deus, Joe. Mas Demi ficou tão perturbada, você sabe, com o que aconteceu, por que eu a denunciei como bruxa no baile, que tentou se matar. Foi assim que nós a encontramos. Já íamos ligar para emergência... 
- Ela se amordaçou? – perguntou Joe, áspero. – E amarrou as mãos? Bela tentativa, Miley. Mas ouvi o que você estava falando com ela, sua doente... 
Então Joe disse uns palavrões bem feios. Do tipo que minha mãe teria cobrado uma grana, se ele falasse em Hancock.

- Meu Deus – Miley pareceu furiosa. – Ótimo. Não acredite em nós. O único motivo para você estar do lado dela é porque ela fez um feitiço de amor para você. Como é a sensação de saber que você não passa de uma vítima da MAGIA manipuladora dela? 
Tentei dizer: "Não. Não escute o que ela está falando. Eu usei magia. Chamei você aqui com magia, Joe. Mas para me ajudar. Não para me amar. Nunca para me amar. O boneco era dela! Aquele boneco era dela!"
Mas nada saiu de mim a não ser um grasnado. Eu não conseguia falar porque minha garganta estava seca como areia. 
- A única vítima que estou vendo aqui é a Demi – Joe disse, sério. – O que há de errado com você, Miley? Você poderia realmente fazer mal a ela. 
- Ah, claro. – Miley começou a fungar. – Fique do lado dela. Isso é muito legal. Eu conheço você desde o jardim-de-infância, mas fique do lado da pessoa que você só conheceu há um mês. 
Mas Joe não estava escutando. 
- Me dá essa faca – ordenou a Miley. 
Ela entregou a faca em silêncio enquanto Chelsea falava, parecendo morta de medo: 
- Eu nunca pensei que a coisa chegaria tão longe, Joe. Nunca pensei que Miley queria mesmo fazer mal a ela. Quando ela falou sobre isso, disse que só iria cutucá-la um pouco. E também que Demi não iria se incomodar, que estava enjoada da má sorte, ou sei lá o quê, e queria se livrar dessa coisa e dar a ela. 
"Nunca!", tentei dizer, "Nunca vou abrir mão do meu poder! Eu o abracei! Não tenho mais medo dele!"
Mas tudo que saiu foram mais grasnados. 
- Só que não era azar – então foi Chelsea quem começou a falar sem parar –, era magia, e ela, Demi, simplesmente não sabia como usar direito. E se Miley bebesse o sangue dela, o sangue de Demi, aquele negócio dela com o boneco iria dar certo, e você amaria Miley como ela queria... 
- CHELSEA! – berrou minha prima. – CALA A BOCA!

Joe usou a faca de Miley para cortar a corda que amarrava minhas mãos. Só quando me puxou para que eu ficasse de pé ele notou – nós dois notamos – que eu não conseguia andar direito. Não por causa de alguma coisa que Miley tivesse feito, mas pela dor no joelho, que eu havia acertado com tanta força no tampo de vidro, para derrubá-lo. 
- Venha – Joe passou o braço pela minha cintura. – Apoie-se em mim. 
E me ajudou a sair mancando do caramanchão para o ar puro da noite no jardim, onde Mouche nos recebeu com um minúsculo miau interrogativo. 
"Não podemos deixar Mouche do lado de fora", tentei dizer, novamente sem sucesso, "Ashley vai pirar se ela não estiver na cama na hora de acordar", continuei tentando.
Mas minha voz ainda estava enferrujada demais por causa da mordaça, e tudo que saiu foi: 
- Mouche. 
- Eu sei – disse Joe. – Vou pegá-la depois de colocar você lá dentro. Não se preocupe. 
E então ele estava batendo numa porta, e alguns segundos depois escutei a voz de Petra perguntar, sonolenta: 
- Sim? Quem e... ah, Joe? O que você está... 
Em seguida, numa voz muito menos sonolenta: 
- Demi! 
Então o luar desapareceu e estávamos no aconchegante apartamento de Petra, no porão, cuja porta dava para o jardim. Joe me colocou no sofá de Petra, e tive tempo de notar que Willem não estava dormindo ali, afinal de contas. Estava parado na porta do quarto de Petra, usando apenas um short e uma expressão realmente confusa. Incrivelmente confusa. 
Se bem que ele não é tão bonito quanto o Joe, que vestia apenas os jeans que havia posto com tanta pressa que nem estavam abotoados direito. 
E as mãos de Joe estavam cheias de cortes. O que havia acontecido com as mãos dele? 
Ah. As rosas. 
- Ah, meu Deus – espantou-se Petra. – O que aconteceu? 
As rosas. Ele cortou as mãos nas roseiras, pulando o muro. 
Mas, por acaso, Petra não estava falando de Joe. 
- Ela está bem. Só precisa de um pouco d’água – disse Joe. Em seguida mais duas palavras, pronunciadas com tanta frieza que gelaram meu coração. – Foi Miley. 
- Os pulsos dela...

- Miley a amarrou – respondeu Joe. 
- Ah, meu Deus. Vou acordar os Pitt – disse Petra. 
- NÃO! – gritou uma voz aguda. 
E foi então que percebi que Miley havia nos acompanhado desde o caramanchão. Na verdade, acho que foi agora que TODOS perceberam isso. 
- Petra, não! – gritou Miley. Sua expressão (que dava para ser vista já que Willem havia acendido a luz) era arregalada, quase de histeria. Estava ali parada com seu vestido branco manchado de poção, parecendo Cinderela no baile depois de perceber que o relógio havia marcado meia-noite. – Não conte à mamãe e nem ao papai! Jinx me disse que queria se livrar de seus poderes. Disse que não podia lidar com eles... estava cansada de viver com tanto azar. Eu estava tentando ajudá-la. Sério. 
- Poderes? – perguntou Willem. – Que poderes são esses? 
- Miley – Petra se ajoelhou ao meu lado e me dava um copo cheio d’água, que peguei e tomei inteiro, imediatamente. – Agora, não. 
- Espera – Miley começou a chorar. Fiquei olhando enquanto as lágrimas escorriam pelo rosto bonito. – Era uma brincadeira. Só isso. Jinx estava participando. Ela gostou. 
- Ah, é mesmo? – A voz de Joe saiu dura. – E o rato morto? Ela gostou daquilo? E todo mundo na escola pensando que ela era dedo-duro, quando foi você, e não negue, que entregou Liam... seu próprio namorado? E a armação que você fez esta noite no baile, trazendo aquele cara de Iowa? Eu pude ver como Demi estava gostando. – A voz de Joe estava repleta de sarcasmo. – E quem não gosta de ser amordaçada e amarrada? 
- Eu disse! – berrou Miley, agora realmente histérica. – Era só uma brincadeira! Jinx, diz a eles! Diz que era só um jogo! 
Olhei para Miley, ali na sala quente e arrumada de Petra, parecendo tão incrivelmente linda. Ela sempre havia sido a mais bonita de nós duas. 
Mas nunca me ressenti por causa disso. Aceitava, como a gente aceita ter uma irmã mais alta, ou um irmão melhor no basquete.
Mas ela nunca pudera me aceitar, aceitar o que eu tinha e ela não. Que ela nunca, jamais, teria. 
A verdade era: por que ela deveria aceitar, quando durante tanto tempo eu mesma não havia sido capaz de aceitar o meu dom?

Mas agora, não. Agora tudo era diferente. Tudo
Acima de tudo, eu. 
- Diga a eles – implorou Miley por entre as lágrimas. – Diga que era só uma brincadeira, Jinx. 
- Não – respondi. E desta vez, quando falei, soube que todos podiam me entender, embora a voz estivesse mais fraca que de costume. – Não, na verdade não era uma brincadeira. 
Foi então que Petra, pálida, mas decidida, virou-se e rumou para a escada. 
Miley correu atrás dela, gritando: 
- Não, Petra! Eu posso explicar! Espera! 
E Willem, confuso, mas determinado, foi atrás de Miley, aparentemente para garantir que ela não fizesse nada com Petra. 
E então fiquei sozinha com o Joe. 
Tinha certeza de que a demonstração de cavalheirismo dedicado de Willem devia ser difícil para ele, se é que ele ainda amava Petra... 
Por isso virei para Joe e falei: 
- Sinto muito. 
Ele me olhou, claramente surpreso. 
- Sente? Pelo quê? Nada disso foi sua culpa. 
- Não estou falando disso. Estou falando de Petra. E Willem. Eu ia lhe contar. Mas não tive chance; Você sabe. – Quando ele continuou me olhando inexpressivo, elaborei: – Joe, sinto muito. Mas acho que eles realmente se amam. Ela o ama de verdade. E ele ama Petra de verdade. 
A expressão de Joe, me olhando, passou de surpresa para outra que reconheci. Era a mesma daquele dia no campo de beisebol, uma mistura de frustração e diversão. 
- Demi, eu não sou a fim de Petra. - O quê? Bem, isso era uma surpresa... e devo admitir que me alegrei com isso. 
- Como assim você não é a fim dela? – Perguntei, espantada. – Você não ama Petra? - perguntei para confirmar que tinha escutado direito.
- Não. Não, não amo. Nunca amei. 
- Amou sim. – Sentei-me um pouco mais empertigada, depois me encolhi, quando o movimento fez meu joelho doer. Mesmo assim, aquilo era importante demais para deixar passar. – Você me disse que amava. 
- Não – repetiu Joe. – Você disse que eu a amava. Porque aquele idiota do Robert falou. Eu só disse que houve um tempo em que achei Petra interessante. Foi você que continuou falando disso. E deixei continuar porque ainda estava usando o estilo laissez-faire, mas desisti dele, lembra? Mas a verdade é que tem alguém que eu acho muito mais interessante já há algum tempo. 
- Tem? – Encarei-o, confusa... e consternada. E me desanimando novamente. – Você nunca me disse.

- Não, não disse. Achei que era mais fácil deixar você continuar pensando que eu amava Petra. Porque dava para ver que você ainda estava pirada com o que havia acontecido lá em Iowa, com o tal cara. Achei que você não estava pronta...
- Pronta? – balancei a cabeça. O que ele estava falando? – Pronta para quê? 
- Para que eu dissesse a verdade. – Joe estava me olhando tão intensamente que seus olhos castanhos pareciam tão luminosos quanto a luz lá fora. – Que eu tinha parado de gostar de Petra no minuto em que vi você. – Quando continuei a olhá-lo sem entender, ele continuou: – Naquela mesma porcaria de caramanchão, no dia em que você chegou. Não diga que não lembra. 
- Eu? – Ainda achava que não havia entendido direito. – Eu? 
- Você, claro – ele afirmou, incrédulo. – Demi, como pode não ter percebido? Miley percebeu. Por que você acha que ela ficou com tanta raiva? Esse tempo todo você ficava dizendo a ela, a mim, a todo mundo, que nós dois éramos só amigos, quando ser só amigos era a última coisa que eu queria. E Miley sabia. Ela via o que todo mundo podia ver, só de me olhar. Todo mundo menos você, pelo jeito. Que eu estava de quatro por sua causa... – A voz de Joe ficou no ar enquanto ele me olhava. – Ainda não acredita, não é? 
Como eu poderia acreditar? Como isso poderia estar acontecendo? Será que eu não morri mesmo? Ou devo estar em coma e tendo um lindo sonho... Onde Joe me ama de verdade. 
- Era disso que eu tinha medo – ele suspirou. – Acho que você não me dá outra opção, a não ser... 
- Não dou outra opção a não ser... o quê? – berrei, alarmada, interrompendo-o. 
- Isso. 
E a próxima coisa que notei foram os lábios dele nos meus. 
Acho que, para nosso primeiro beijo, foi bem atordoante. Bom, certo, talvez alguém como Miley, que está anos-luz à minha frente em sofisticação, pudesse ser beijada daquele modo e não perder a cabeça.

Eu, por outro lado, não podia. Não que ele tenha me agarrado e grudado meu corpo ao dele, como Dylan, na primeira vez em que me beijou. O beijo de Joe foi o mais gentil que se pode imaginar. Ele mal estava me tocando, a não ser onde seus dedos encostavam no meu ombro. 
Mas mesmo suave, foi longo. O que se poderia chamar de prolongado. 
E eu senti até os dedos dos pés. 
Ah, senti. 
Quando ele levantou a cabeça e me olhou de novo, mal notei. Porque havia passarinhos e estrelas voando diante dos meus olhos, de tão atordoada que eu estava pela sensação dos lábios de Joe nos meus. Não era um sonho, afinal.
Graças a Deus eu estava sentada. Se estivesse de pé quando ele me beijou, tenho certeza de que teria despencado no chão. Era como se eu estivesse derretendo. Por dentro. 
- Agora – perguntou ele em sua voz profunda e calma – acredita? 
Mas era difícil formular uma resposta, porque meus lábios estavam pinicando demais. Querendo mais. Não dava pra acreditar.
- Tudo bem – disse Joe quando eu não respondi imediatamente. – Deixe-me tentar de novo. 
E se inclinou para me beijar mais um pouco. 
Dessa vez, quando ele levantou a cabeça, pássaros, estrelas e até pequenos arco-íris pareciam flutuar na minha frente. Era como se alguém tivesse derramado uma caixa de amuletos da sorte em gravidade zero. 
- E então? – insistiu Joe. – Agora acredita que é você que eu amo, que eu sempre amei, desde aquele dia em que você cuspiu chá gelado Long Island em cima de mim? Acredita que estou cansado de tentar não beijar você? Acredita que realmente, de verdade, não quero mais ser só seu amigo? 
- Ahã – assenti como uma idiota. Mas era tudo que eu poderia falar.
Então passei os braços pelo pescoço dele e puxei-o para mim. E o beijei mais um pouco.
Acho que já estava bem claro que eu também queria mais que amizade.

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Finalmente! "Oh kiss me, like you mean it, like you miss me. 'Cause i know that you do" ♪
O que acharam, cherries? Finalmente eles ficaram juntos! Gostaram da cena? O que acham que vai dar com Petra e Miley? Só falta um capítulo para terminar, não percam!

E em breve Inspiration está de volta! Vão ter muitas surpresas nessa nova temporada, espero que gostem.

~See Ya!



20 julho 2014

Sorte ou Azar? - Capítulo 20 #Day50


Mas no minuto que eu me sentei, ela tinha ido embora. A sorridente garota de cabelos vermelhos no longo vestido branco tinha desaparecido. 
Se é que ela estivera ali. 
Porque certamente ela fora apenas um sonho. Em um estado entre acordada e adormecida, eu tinha pensado que tinha visto minha ancestral do lado da minha cama, dizendo o meu nome. Tinha que ser isso. Porque eu não acreditava em fantasmas, não mais do que eu acreditava em magia. 
Pelo menos, não a partir dessa noite, de qualquer jeito. 
Foi enquanto eu estava dizendo isso a mim mesma que eu senti alguma coisa em volta do meu pescoço. Alguma coisa que não estava lá quando eu fui dormir. Alcançando-o, eu percebi que era o colar de pentagrama que Lisa havia me dado. 
Aquele que eu lembrava nitidamente de ter tirado do meu pulso e jogado do outro lado do cômodo mais cedo, nem mesmo olhando para ver aonde ele caira. 
E mesmo assim ele estava agora em volta do meu pescoço. 
Um sentimento de - o quê? Não medo. Porque eu não estava amedrontada. E nem apreensiva. Meu estômago não doia nem um pouco. Mas alguma coisa, qualquer coisa, chamava a minha atenção. Eu ainda sentia a estranha calma que eu havia experimentado ao acordar, mas agora ela estava unida com...felicidade. 
Eu estava feliz. 
O que estava acontecendo? Por que eu não estava com medo? Colares não se amarram sozinhos. Alguém tinha achado o colar e o colocado de volta no meu pescoço. Mas quem? Quem poderia ter entrado no meu quarto e feito algo assim, tão calmo e gentilmente que eu não tinha acordado? Petra? Ou o fantasma da minha ta-ta-ta-ta-ra avó cuidando de mim quando eu mais precisava dela? Me mostrando que - justamente como eu sempre suspeitei - eu realmente era a filha que ela mencionara - a que estava destinada à grandeza como uma bruxa. Não Miley.
Somente eu. Tinha sempre sido eu. 
Eu só precisava acreditar. Nela. 
Em mim mesma.

De repente, eu sabia que o sono tinha ido embora. Minha pele estava formigando como se tivesse sido eletrificada. Eu pulei da cama e fui para a janela. Uma turva luz azul estava entrando pelas linhas transparentes da persiana - eu tinha esquecido de puxa-la. Eu presumi que a luz fosse do apartamento vizinho atrás da casa da Miley. 
Mas quando eu empurrei a persiana para o lado, eu vi que a luz vinha de uma lua cheia, pesada e branca, suspensa no céu da noite, tão brilhante que até tinha um pequeno arco-íris ao seu redor. 
Lua minguante, eu sabia de ter lido no livro de bruxas que eu comprara, era a época para fazer feitiços de banimento. Lua crescente era quando, tradicionalmente, as bruxas faziam feitiços de prosperidade e crescimento. Mas na noite de lua cheia...bom, basicamente tudo vale. Qualquer coisa é possível debaixo de uma lua cheia. É por isso que tantas pessoas acabam na sala de emergência nas noites em que a lua é cheia. 
Pelo menos, é o que eles dizem em ER. 
Que estranho que essa noite, dentre todas as noites, tenha lua cheia. 
Ou era por isso que Branwen tinha finalmente conseguido aparecer para mim? Por causa da lua...e da minha necessidade? 
Então eu escutei algo vindo do jardim. Parecia, na verdade, com Mouche. Mas o que Mouche estaria fazendo fora a essa hora da noite? Ashley sempre se lembrava de chamá-la e de trazê-la para dentro depois de escuro. A gata dormia com ela toda noite. Quem poderia ter deixado Mouche sair? 
Então eu notei algo estranho. Tinha uma luz ligada no gazebo. 
Não. Certamente não. Eu tinha que estar imaginando coisas...do jeito que eu tinha imaginado ver Branwen. Se eu tivesse imaginado ter visto Branwen. Mas não. Lá estava de novo. Não só uma luz, mas várias, quase como se... 
...como se alguém estivesse acendendo velas ali embaixo. 
Alguém que se parecia muito com a minha prima Miley.

Sem ligar a luz - eu não queria que Miley visse, soubesse que eu estava acordada, e tivesse um aviso avançado que eu estava indo vê-la - eu deslizei do meu pijama e coloquei uma calça jeans e um suéter. Eu carreguei um par de mocassins na minha mão enquanto eu saia do meu quarto e descia as escadas, para que os meus passos não acordassem ninguém. Quando eu cheguei à porta que levava ao jardim, eu coloquei meus sapatos e desci as escadas. 
Tinha bastante luz - azulada, mas ainda assim bastante - para poder enxergar. 
Mas eu não precisava da luz da lua para ver o brilho amarelo que vinha de trás do vidro fosco do gazebo. Ou as três magras sombras produzidas por ele. 
Era Miley. Miley e seu clã. 
E de repente eu lembrei dos cogumelos. Os cogumelos que Miley tinha pedido a Taylor para ajudá-la a raspar de uma lápide na luz da lua cheia. A lua estava completamente cheia agora. Ela começaria a minguar amanhã. Para o que for que ela estivesse planejando usá-los, isso tinha que acontecer hoje a noite. 
E para o que for que ela estivesse planejando usá-los, tinha que ser algo ruim, se eu conhecia a Miley. Não podia ser nada que tivesse a ver comigo. Ela tinha me dizimado no baile. Ela tinha que saber disso. Não, pra quem quer que esse feitiço estivesse destinado - Petra, Joe, quem sabia? - essa pessoa não era eu. Miley sabia que ela estava bem livre de mim. 
Pela primeira vez desde que eu tinha acordado naquela noite, eu senti outra coisa além de uma estranha calma. 
Raiva. Eu senti raiva. 
Não pelo que Miley tinha feito comigo - eu até mereci aquilo, pelo que eu fiz com Dylan. Não, eu estava com raiva porque, tendo testemunhado hoje a noite os resultados diretos da minha própria tentativa de manipular a vontade dos outros, Miley ainda não conseguia ver que fazê-lo era errado. 
Bom, isso era o bastante. Estava tudo acabado. Ela tinha que ser impedida. 
Eu iria impedi-la. 
Que foi quando eu abri com um empurrão a porta de vidro do gazebo para dizer a ela...

...até que o que eu vi lá dentro fez com que a minha voz secasse na garganta. 
Ali estavam elas, todas as três, Miley ainda em seu virginal vestido branco do baile. Chelsea e Emily, por outro lado, estavam totalmente enfeitadas com o usual delineador pesado e estavam usando preto. Elas estavam sentadas em volta de algo que parecia um pequeno altar na mesa de topo de vidro no meio do gazebo, completo com doze velas acesas (pretas, é claro) e algo parecido com um cálice vazio no meio da mesa/altar. 
E elas não pareciam nem um pouco surpresas de me ver. Bom, Miley não parecia, de qualquer jeito. 
- Pronto - ela disse, com uma certa quantidade de satisfação em sua voz. - Eu disse que ela viria, damas. Não disse?
A única resposta de Emily - não surpreedentemente - foi rir. Mas Chelsea, me lançando um olhar desdenhoso, falou:
- Eu não entendi, Miley. Como você sabia?
- Porque ela é fraca - Miley disse. Foi quando eu vi o que ela estava segurando em suas mãos, debaixo da mesa de tampo de vidro. Era Mouche, lutando para se soltar e fazendo bastante tumulto para isso. 
O mesmo tumulto que eu tinha escutado do meu quarto. 
Que foi porque Miley abruptamente deixou o gato ir embora. Porque Mouche havia feito o que Miley precisava que ela fizesse. 
Ela me atraiu para o gazebo. Exatamente aonde Miley me queria. 
- Se ela é fraca - Chelsea disse ameaçadoramente - então para que nós queremos ela?
- Eu te disse. Não é ela que nós queremos - Miley falou. - É o sangue dela.
Que foi quando eu finalmente percebi o que estava acontecendo - porque elas estavam sentadas ao redor do cálice vazio. 
E pra que eu estava lá. 
Como o sangue do meu rosto, eu senti toda a determinação inserida vagarosamente por Branwen escoar. Eu me girei para ir embora - mas eu não fui rápida o bastante. Eu abri a porta - o bastante para Mouche correr - mas Chelsea, que se revelou tão forte quanto era alta, me agarrou à força e me puxou de volta, me empurrando rudemente para a cadeira de ferro forjado do lado oposto da mesa de Miley. Como alguém tão magra poderia ser tão forte?

- Amarre as mãos dela - Miley rdenou. 
E Emily e Chelsea obedientemente criaram uma corda de cetim preto - provavelmente o cinto do roupão do pai de uma delas - e começaram a enrolar - não muito solta, não me importo de dizer - em volta do meu pulso. De fato, elas me amarraram com bastante força. 
- Meninas - eu disse. Eu disse a mim mesma para não entrar em pânico. Era provavelmente só algum tipo de ritual de trote estúpido. Provavelmente, elas iriam me fazer se juntar ao clã idiota delas e fazer um juramento estúpido. Só um pouco de sangria, para nos tornarmos "irmãs de alma", ou qualquer coisa. Ainda assim. - Eu acho que vocês cortaram a circulação dos meus dedos.
- Cala a boca - Miley disse. 
- Está bem - eu disse. - Mas se os meu dedos ficarem pretos e começarem a cair...
- Eu disse, CALA A BOCA!
Foi quando Miley se levantou de sua cadeira e me acertou com um golpe. 
Forte. Palma aberta, de lado a lado do rosto. 
Eu acho que poderíamos dizer que foi mais um tapa do que um golpe. Ainda assim, doeu. Por um minuto, eu vi estrelas. 
Foi quando eu percebi que isso provavelmente não era um trote afinal. 
- Está tudo pronto? - Miley perguntou para suas duas cúmplices, que concordaram. Chelsea parecia entusiasmada. Somente Emily parecia um pouco surpresa pelo tapa. Pelo menos, pelo que eu pude observar, por olhos que tinham se enchido automaticamente com lágrimas pelo golpe. Miley era muito mais forte, fisicamente, do que eu achava que ela era. Aquela tapa tinha DOÍDO. E eu a poupando de todas as vezes que tive vontade de bater nela. Ah, se minhas mão não estivessem amarradas...
- Tudo bem - Miley disse, retornando ao seu assento - Hoje a noite, debaixo dessa luz nova, um tempo de novos começos, eu vou corrigir um erro - ela começou. - Há cento e cinquenta anos, uma das mais poderosas bruxas de todos os tempos, Branwen, que havia nascido com o dom da magia, previu que uma descendente sua iria herdar seus notáveis poderes. Por toda lei que é natural e certa, essa descendente deveria ter sido eu. Mas por alguma razão completamente idiota, parece que é a minha prima Jinx.

- Não sou - eu disse. Porque, apesar de eu ter visto Branwen no meu próprio quarto essa noite, eu desconfiava que, baseada em suas próprias experiências, ela provavelmente concordaria que negar possuir qualquer habilidade de bruxa era o caminho a seguir. - Não sou eu.
Miley olhou para mim. 
- Não - ela disse - interrompa a cerimônia.
- Mas não sou eu, Miley - eu disse, desesperada. - Vamos lá, isso é estúpido. Como eu poderia ter poderes mágicos? Você sabe que eu sou a pessoa mais azarada na face da Terra.
- Como você explica Dylan, então, e a devoção dele por você? - Miley repreendeu. 
- Foi só um feliz acaso.
- Liam?
- Isso foi você - eu disse. - Você fez ele ser expulso.
- Claro - Miley disse. - Mas todo mundo culpa você. E quanto ao Joe?
Eu pestanejei para ela. 
- Bem, Jinx? E. Quanto. Ao. Joe?
E, exatamente assim, estava de volta. A raiva que eu tinha sentido mais cedo. A raiva que Lisa tinha dito que eu precisaria quando o tempo chegasse. 
- Eu te disse um milhão de vezes - falei - Joe não gosta de mim desse jeito. Nós somos só amigos...e provavelmente não somos mais nem isso, graças a VOCÊ e aquele SEU boneco estúpido, então...
Miley se levantou, uma mão erguida como se fosse me bater de novo. Eu olhei para ela, desafiando-a - só desafiando-a - a tentar de novo. Se ela chegasse um passo mais perto, eu iria chutá-la na cara. 
Mas Emily, dentre todas as pessoas, parou-a com seu choramingo. 
- Podemos acabar com isso de uma vez? Estou morrendo de fome. E você sabe o que acontece quando o açúcar no meu sangue fica baixo.
- Está bem - ela disse. 
Foi quando Miley pegou a faca. Uma faca enorme - decorativa, do tipo que você compra nessas lojas que vendem facas ornamentais, como essas usadas nos filmes do Senhor dos Anéis.
Uma olhada para a faca, e eu estava acabada. Era isso. Eu levantei-me da cadeira - só para Chelsea me empurrar de volta e me segurar com as duas mãos pressionadas, fortemente, nos meus ombros, enquanto eu me contorcia. Vendo que eu não iria escapar desse jeito, eu abri a boca para gritar.
Mas Miley, antecipando a manobra, empurrou suas duas longas luvas de seda na minha boca, me amordaçando efetivamente. 
- Pare de lutar, Jinx - Miley estava dizendo, no que era uma voz bem tranquilizadora, para ela. - Isso é o que você quer, se lembra? Você sempre quis só ser normal, certo? Bom, assim que nós pegarmos sangue suficiente seu para eu beber, eu vou assumir os seus poderes, e você não vai mais ter que se preocupar. Eu fiz uma poção exterminadora com alguns cogumelos muito raros. Você pode bebe-la, e não vai mais precisar se preocupar com azar. Todos os poderes que você herdou de Branwen vão sumir. Em vez disso, eu vou ter eles.
Tudo bem. Isso era ruim. Isso era muito ruim. Eu tive um pouco de azar antes disso, era verdade...mas isso definitivamente era pior. Eu tinha que sair disso. 
Mas como? Eu estava completamente impotente. Chelsea era forte. Essa corda estava amarrada tão apertada. Eu não podia gritar. O que eu podia fazer? 
O que qualquer um faz quando toda a esperança se foi, e todo o resto falha? O que era que Lisa da Encantamentos havia dito? Miley não pode me machucar se eu...se eu...se eu o quê? Por que eu não conseguia lembrar? 
Abraçar a magia. 
Mas como eu poderia? Como eu podia abraçar algo que havia me causado nada além de sofrimento por tanto tempo? Quer dizer, olhe o que aconteceu com Dylan. Olhe o que aconteceu com as pessoas no hospital na noite que eu nasci. Olhe o que havia acontecido essa noite no baile. Eu não podia abraçar algo que tinha bagunçado com tantas vidas, algo que eu tinha presumido que era mau.

- Espera um minuto - Emily disse. - Você vai beber o sangue dela?
- O que você esperava? - Miley exigiu. - É um ritual de sangue. Dã.
- Eu sei - Emily disse, ficando, se uma coisa dessas era possível, mais pálida ainda. - Mas eu não sabia que você iria beber ele. Eu também tenho?
- Você quer que eu seja uma bruxa de verdade - Miley rugiu - ou não?
- Bom - Emily disse. - Sim. Eu acho. Eu não sei. Mas você vai mesmo fazê-la beber aquele negócio com os cogumelos dentro? E se ela ficar doente? Eles podem ser venenosos, pelo que você sabe.
- Não vai importar - Miley disse. - Ninguém vai acreditar nela. Eles vão achar que ela se envenenou, por conta do que aconteceu no baile. E até lá eu terei os poderes dela, que ela nunca apreciou, muito menos aprendeu como usá-los corretamente. E mamãe e papai vão ficar nas minhas mãos. - Miley disse, em uma voz que era novamente tranqüilizadora, pelo menos eu acho - E Joe vai me amar, não a ela. Espere e verá.
Mas eu mal ouvi ela. Porque eu estava pensando, E se o que Lisa tinha dito era verdade, e todas as coisas ruins que tinham acontecido comigo até agora tinham sido causadas por medo...medo interno? Medo do que eu realmente era? 
Medo que QUEM eu realmente era. 
A magia vai me salvar. Branwen vai me salvar...se eu abraçar aquilo que eu temo. 
E de repente, minha mente ficou vazia. Ao contrário, eu pensei na magia e como ela podia me salvar. Eu pensei na lua, tão brilhante e alta, com aquele arco-íris em volta dela. Eu pensei nas rosas florescendo pelo jardim todo. Eu pensei em Branwen, e como ela tinha devolvido o meu colar, e na calma que eu senti após ve-la, sorrindo, do lado da minha cama. 
E eu pensei em Joe, na casa ao lado. Tudo que ele tinha que fazer era olhar pela janela. Então ele veria o gazebo...ele me veria. 
- Eu não sei mais por quanto tempo eu posso segura-la - a voz de Chelsea soava tremida com o medo. 
Eu não tinha percebido aquilo antes. Mas agora, era como se os meu sentidos tivessem sido aguçados. 
Eu estava ciente do perfume das rosas no ar, tão doce.

Acorda, Joe. Olha pra lua, Joe. Eu estou aqui, Joe. Eu estou aqui embaixo. 
- Está bem - Miley parecia furiosa. - Então cala a boca e assista enquanto eu faço isso.
Miley então começou a "fazer isso", segurando a faca para que a lâmina cintilasse no luar que entrava pelo teto de vidro do gazebo. Então Miley enfatizou:
- Em nome de Hecate, e Branwen, e...e de todas as bruxas do mundo, eu tiro dessa mulher o que por direito pertence a mim.
Ela sinalizou para que Emily se abaixasse e agarrasse os meus dois pulsos - o que ela fez, apesar de eu ter lutado para afastá-los dela, ao mesmo tempo que lutava para me libertar do forte agarro de Chelsea - e os segurasse acima do cálice. 
E, sem o menor sinal de hesitação, Miley começou a descer a lâmina brilhante que ela segurava. 
Que foi quando três coisas aconteceram simultaneamente. Emily soltou as minhas mãos e gritou: 
- Ah meu Deus, Miley! Você não pode realmente...
E eu ergui o meu joelho contra a parte de baixo da mesa o mais forte que eu pude, inclinando o pesado vidro - e o cálice, as velas, e a poção de cogumelos em cima dele - na direção da Miley. 
E eu escutei a porta do gazebo abrir drasticamente, e uma familiar voz masculina disse:
- Que diabos está acontecendo aqui?

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Oláa skyscrapers, eai, o que estão achando? O próximo já é o penúltimo capítulo, a fic está chegando ao fim. Decidi trazer uma fanfic no #Day50 por ser a base do blog, tudo começou assim, então essa é uma coisa muito importante para mim. Espero que tenham gostado.
Agora, sobre a fic... Quem será que entrou? O que será que Miley vai fazer? Demi vai sair dessa? Confiram no próximo capítulo.
Seguindo o que fiz no último capítulo que postei, vou colocar algum trecho de música, que se adeque ao capítulo - ao final -, e farei isso nos próximos também, achei que ficou bom. Então vamos lá:
"Wake me up inside. Call my name and save me from the dark" ♪
~xoxo


13 julho 2014

Sorte ou Azar? - Capítulo 19 #Day43


O boneco tinha os olhos de Dylan. 
Ele tinha a forma de Dylan - os largos ombros, as longas pernas. 
Estava até no uniforme de futebol americano de Dylan, nas cores verde e branco da Hancock High. O número do Dylan - número 12 - estava adornado no peito do boneco. Apesar de talvez Dylan e eu sermos os únicos na mesa que sabiam disso. Exceto por Miley, que havia obviamente adivinhado. 
A boneca tinha até o cabelo de Dylan. Seu cabelo VERDADEIRO; cabelo pelo qual eu tinha passado por muitos problemas para conseguir, quando eu havia planejado fazer Dylan se apaixonar por mim. Eu tive que falar para ele que estávamos pegando amostras de cabelo de todos os membros do time de futebol para costurar em uma colcha encorajadora da sorte. 
E então eu realmente tive que fazer uma colcha encorajadora, por conta de não querer que Dylan descobrisse que era só o cabelo DELE que eu queria. 
É claro, se eu soubesse que o feitiço iria funcionar tão bem quanto funcionou - um pouco BEM demais, na verdade - eu não teria me dado ao trabalho de fazer a colcha. Porque assim que eu terminei a última costura na cara da boneca, o telefone tocou, e era Dylan me convidando para aquela primeira histórica Nevasca. 
Eu sabia de tudo isso, é claro. E, eu tive um pressentimento, que Miley também. Ou da maioria, de qualquer jeito. 
Mas ninguém mais na Mesa Sete sabia. Particularmente Joe. Ainda havia uma chance. Ainda havia uma... 
- Você já se perguntou, Dylan, - Miley perguntou em uma voz doce - porque foi que você se apaixonou tão forte, e tão depressa, por uma garota com a qual não tinha nem uma coisa em comum?
Dylan não tinha parado de contemplar o boneco. Ele começou:
- Número doze. Esse é o número da minha camisa. O que é essa coisa? Era para ser eu? Esse é o meu CABELO?

- Sim - Miley disse. - Sim, Dylan. Esse é o boneco que Jinx fez de você, para faze-lo se apaixonar por ela. Veja bem, originalmente ela costurou um pouco do cabelo dela na sua cabeça também, para que você não fosse capaz de tirar ela da sua cabeça. E funcionou. Não é?
Dylan olhou do boneco para Miley, depois para mim, e de volta para o boneco.
- O que é isso? - ele quis saber. - Algum tipo de vodu?
- Não, Dylan - eu disse. 
Eu podia sentir meu mundo - o qual, vamos encarar, não era particularmente incrível, mas era o único mundo que eu tinha, e estava ficando até bom antes dessa noite - escorregando para longe de mim. 
- Era só um jogo. Eu achei um livro de encantos na escola, veja, e...bem, nossa avó sempre nos disse... 
- Que uma das filhas na nossa geração iria se tonar uma grande bruxa - Tory terminou por mim, para o benefício da mesa. - Um palpite de quem tornou-se essa bruxa.
Todos os olhos na Mesa Sete estavam sobre mim. Não só a Mesa Sete como as Mesas Seis e Oito estavam me olhando bem intensamente também. 
- Era só um jogo - eu disse, com uma risada nervosa. - Um jogo bobo. Quero dizer, nenhuma pessoa sã poderia acreditar que você pode fazer alguém se apaixonar por você ao fazer um BONECO que se parece exatamente com ele.
- É - Miley disse. - Exceto que, no seu caso, funcionou, não é Jinx?
Eu balancei minha cabeça, com força. 
- Por favor - eu disse. - Vamos ser razoáveis. Esse tipo de coisa não acontece. Foi só coincidência, Dylan. Quer dizer, que eu fiz uma boneca e você acabou me convidando para sair. Quer dizer, provavelmente a única razão pela qual você me notou, em primeiro lugar, foi porque eu inventei a história sobre precisar do seu cabelo para a colcha idiota.
Dylan parecia perplexo. 
- Você inventou a história da colcha? Da colcha encorajadora? Mas eu vi ela. Todos os caras doaram cabelo, também...
- Acho que eu podia acreditar que era uma coincidência - Miley disse pensativa - se tivesse acontecido apenas uma vez.
Tirei meu olhar de Dylan e encarei a mão de Miley, que estava mergulhando, mais uma vez, na sua bolsa. 
Ah, não. Ah, pelo amor de Deus, não 
- Mas então você fez de novo - ela disse. - Não foi, Jinx?
E ela jogou o boneco do Joe na mesa, do lado do boneco do Dylan. 
Eu deveria saber que se ela tivesse achado um, ela acharia o outro. O primeiro - o boneco de Dylan - eu escondi em um lugar que havia achado brilhante na minha primeira noite em Nova York. Eu havia trazido o boneco comigo porque eu não queria que uma das minhas irmãs pequenas tivessem achado-o no nosso quarto. E eu não tinha jogado fora pelo mesmo motivo que eu pesquei o boneco da Miley da lixeira... Eu não podia deixa-lo mofando em algum depósito de lixo. Esse era um boneco de alguém que uma vez eu amei. 
Então eu coloquei o boneco do Dylan em um lugar que achei que ninguém iria pensar em procurar. E eu coloquei o boneco do Joe no mesmo lugar, algumas semanas depois. 
Pena eu não ter percebido que Miley esteve me espionando esse tempo todo. Ou ela também gostava de esconder coisas no cano da chaminé da lareira que não funcionava no meu quarto? 
Joe, encarando o que Miley tinha acabado de jogar na mesa, perguntou, em uma voz que soava extremamente distante, 
- Isso era para ser eu?
 - Joe - eu disse, sentindo como se eu estivesse sufocando. - Eu NÃO fiz esse. Eu juro por Deus. Eu fiz o do Dylan. Mas foi há muito tempo atrás, e eu percebi de cara que foi um erro terrível 
- Espera - Taylor levantou seu olhar das duas bonecas para o meu rosto. - Então você É uma bruxa?
Eu engoli. Como isso podia estar acontecendo? Quero dizer, eu sei que sou eu, e esse tipo de coisa acontece com alguém como eu. Mas não algo tão ruim ASSIM. Minha má sorte nunca tinha sido terrível ASSIM antes. 
- Eu lancei um feitiço - eu admiti. O que mais eu podia fazer? Abrace aquilo que você teme.

Era o que Lisa tinha dito. E eu certamente temia admitir para alguém o que eu tinha feito. Talvez, se eu esclarecesse as coisas agora, as coisas melhorariam. 
- Eu achei que estivesse fazendo magia branca. Eu não percebi que magia branca NÃO é tentar forçar as pessoas a fazerem alguma coisa contra a vontade delas, ou manipular suas emoções. Eu não sabia disso quando eu fiz esse boneco de você, Dylan, e eu realmente sinto muito. Assim que eu percebi, eu tentei desfazer o feitiço tirando o meu cabelo dali. Mas...mas eu acho que não funcionou.
Robert, do outro lado da mesa, olhou dos bonecos para mim e falou:
- Cara. Isso está me assustando. Ela é uma bruxa, ou o quê?
- Ela é uma bruxa - Miley disse firmemente. - Eu só pensei que todos vocês deveriam saber. Primeiro ela fez o pobre Dylan ficar perdidamente apaixonado por ela. E então eu acho que ela decidiu que ter um cara completamente louco por ela não era o bastante, e veio para Nova York e imediatamente mirou no pobre Joe aqui.
- Eu não fiz o boneco do Joe! - eu gritei, me levantando. - A Miley fez. Ela mostrou pra mim na primeira noite que eu cheguei em Nova York. Ela acha que ELA é a bruxa que Vovó estava sempre falando, e ela fez esse boneco e tentou me convencer a se juntar ao seu clã. E então quando eu disse que não queria saber de nada daquilo - porque eu havia aprendido, do modo difícil, o que acontece quando você mexe com magia - ela se zangou.
Respirando fundo, eu olhei ao redor da mesa para os rostos estupefatos de Dylan e meus amigos. Nenhum deles parecia acreditar em mim. Joe não podia nem me olhar nos olhos. 
- Joe - eu disse, apelando para ele. Porque era a opinião dele, dentre a de todos, com a qual eu me importava mais. Na verdade era SOMENTE com a dela que eu me importava realmente, com o resto eu poderia me virar - Você tem que acreditar em mim. Quer dizer, olha só para esse boneco.
Eu apanhei o boneco do Joe. 
- Não se parece em nada com o boneco que eu fiz. Quer dizer, um...um...macaco poderia costurar um boneco melhor que esse.

- Eu acho - Miley disse calmamente, quando Joe não respondeu de imediato - que é melhor você ir embora, Jinx. Ninguém te quer aqui.
Eu olhei pra ela, então. Quer dizer, eu realmente olhei para ela.
E então eu percebi o quão brilhantemente ela tinha conseguido realizar o seu pequeno plano, até os pequenos detalhes. Em seu vestido de baile de branco e em sua maquiagem virginal, ELA parecia a filha do pregador - a que, naturalmente, estaria contando a verdade. Enquanto eu, no colante vestido preto que ela tinha escolhido pra mim e com meu cabelo vermelho selvagem, parecia cada centímetro com o que ela estava clamando que eu era...uma bruxa praticante, que tinha estipulado ganhar o coração não de um, mas de dois dos mais populares garotos em ambas as escolas que eu havia estudado naquele ano. 
Eu tinha que dar o braço a torcer. Ela teve sucesso, e provavelmente mais do que em seus sonhos mais selvagens. 
Mas ela ainda não tinha acabado. O golpe final ainda estava por vir. 
- Eu realmente acho - Miley abaixou sua voz para falar, como se fosse uma conversa "só das meninas" apesar de, nessa altura, o salão inteiro estar ouvindo...até os garçons, que tinham vindo com o prato do peixe - que talvez você queira aprender uma lição com nossa ta-ta-ta-ta-ra avó Branwen, Jinx. Porque, você sabe, ela foi queimada na fogueira por bruxaria. Nós não iríamos querer que isso acontecesse com você, iríamos?

Eu não acredito que ela estava repetindo pra mim o que eu tinha contado pra ela sobre Branwen. Eu não podia acreditar que ela estava disposta a trazer à tona a maneira horrível como Branwen havia morrido, só para me fazer parecer má na frente de Joe. 
Mas eu não deveria ter ficado surpresa. Quer dizer, se ela estava disposta a mentir sobre o boneco, ela não pararia por nada. 
- Hipócrita, eu que te falei isso - eu disse baixo e com toda a raiva que eu poderia ter, mas depois senti meus olhos se encherem - Ótimo - falei mais alto, em uma voz que tremia. - Está tudo ótimo, Miley. Você venceu. Sabe por quê? Eu...eu nem ligo mais.
E eu levantei e me afastei. E, na frente de todos aquelas pessoas, com todos aqueles olhares perfurando as minhas costas, eu segui pelo salão do baile, esperando que eu tivesse forças para sair de lá antes que começasse a chorar. 
Eu achei que tinha escutado uma voz de um garoto chamando meu nome, mas se era Dylan ou Joe, eu não conseguia dizer. 
Tudo que eu sabia era que, quem quer que fosse, eu não poderia encará-lo. Não aquela hora. Não sem explodir em lágrimas. 
Eu consegui sair das portas giratórias e fui parar na Park Avenue. Ali, para meu alívio, o porteiro perguntou:
- Precisa de um táxi, senhorita?
Eu fiz que sim com a cabeça, e ele fez sinal para um táxi por mim. Eu engatinhei para o banco traseiro, grata de ter trazido dinheiro o suficiente comigo para me levar para casa, se eu precisasse...uma lição que minha mãe pregadora havia me ensinado desde criança. 
- Para aonde, senhorita? - o taxista me perguntou. 
Eu queria dizer para aeroporto. Eu queria dizer Penn Station, ou Grand Central, ou qualquer lugar que me colocaria em um avião ou trem para longe de Nova York e de volta para Iowa.
Só que eu não tinha TANTO dinheiro assim comigo. 
Então eu só disse:
- Rua East Sixty-ninth, número 326, por favor.

O taxista acenou com a cabeça, e ligou o taxímetro, e me levou para casa. Eu não chorei até chegar ao meu quarto. Felizmente, eu não encontrei ninguém no corredor ou nas escadas. Ashley já estava na cama, e Braddy estava dormindo fora de casa, e Petra e Willem, de babás enquanto tia Jennifer e tio Brad estavam em uma das muitas festas que eles são constantemente convidados, estavam no gabinete assistindo a um filme. Ninguém me escutou chegando. 
E ninguém me escutou chorando na minha banheira depois de que eu tirei minha roupa espalhafatosa e engatinhei na grande banheira de mármore. Eu chorei até meus olhos ficarem vermelhos e inchados, até eu não poder espremer mais nenhuma gota. Eu deixei a água correndo o tempo todo, para que se Petra fosse ver como estava Ashley, ela não iria me escutar chorando. Como isso podia ter acontecido? Eu tinha sido humilhada na frente da escola inteira - me fazendo parecer uma esquisita maior ainda do que eles já achavam que eu era. Eu não ligava muito para o que Robert ou até Taylor pensavam de mim. Mas Joe! Como ela podia ter feito isso na frente do Joe? Quer dizer, eu sabia que ela gostava dele. Eu sabia que ela estava chateada que o meu feitiço tinha funcionado no Dylan e o dela no Joe não. 
Mas ela TINHA que fazer isso na frente do Joe? 
E então, quando uma nova onda de lágrimas começou a aparecer, elas de repente secaram. 
Porque um novo pensamento tinha me ocorrido, um que eu nunca tinha considerado antes. 
Tudo o que aconteceu era sobre ISSO? Era menos por causa de um menino, e mais sobre o fato do meu feitiço ter funcionado e o dela não? A Miley estava com inveja porque ela sabia que era eu a bruxa que Branwen tinha prometido que apareceria? Ela estava com inveja porque ela achava que deveria ser ELA?

"Porque eu não tenho medo de usar o dom dela, do jeito que você tem." Era isso o que Miley tinha dito pra mim. 
Parecia tão estúpido. Quer dizer, por que isso importava? Meus poderes, como eles eram, só tinham me trazido azar e mágoa. Claro, eu salvei Joe daquele mensageiro da bicicleta. Mas aquilo não era magia. Eu tinha meramente estado no lugar errado na hora certa. 
E a energia acabando no dia em que eu nasci...aquilo só tinha sido um temporal com trovões. 
E Willem ganhando a viagem para ver Petra...aquilo só tinha sido um feliz acaso. Não tinha nada a ver com o feitiço da anulação que eu tinha lançado contra Miley, ou com a proteção que eu lancei em Petra. 
E Dylan...pobre Dylan. Ele sentiu vontade de se apaixonar, e eu tinha aparecido, com essa enorme queda por ele...é claro que ele tinha se apaixonado por mim.
Nada disso era prova que eu tinha os requerimentos de uma bruxa. 
Exceto, eu acho, para Miley, que provavelmente tinha se gabado para seu clã sobre sua ancestral bruxa, e seu destino como a verdadeira bruxa da nossa geração. 
E então eu tive que aparecer e arruinar tudo para ela. 
Tudo fazia perfeito sentido. Sério, não era de se espantar que ela estivesse tão furiosa. 
Mas se ser a bruxa da família significava tanto para ela, ela podia ficar com isso. Eu iria suspender o feitiço da anulação, e - O que é que eu tava pensando? NÃO EXISTE MAGIA. 
Porque se existisse, o que havia acontecido hoje a noite nunca, nunca teria acontecido. Meu colar - aquele colar de pentagrama estúpido que a mulher da Encantamentos tinha me dado - teria me protegido. 
Mas não protegeu. Não protegeu porque o negócio todo era um lixo. Não existe magia. Não mais do que não existe sorte. Pelo menos boa sorte. Porque essa era uma coisa que nunca tinha acontecido comigo.

E eu estava tão furiosa com o negócio todo - tão cansada de tudo - que eu puxei com força o pentagrama e o joguei do outro lado do banheiro. Eu tentei não olhar aonde ele caiu, para que mais tarde eu não pudesse voltar e apanha-lo. Deixe que Marta o encontre e ache que é lixo. 
Eu desejei que eu pudesse jogar fora a minha vida tão facilmente. 

Deve ter sido uma hora mais tarde - eu já estava na cama, no meu pijama mais abominável, o de flanela rosa com borboletas nele - quando eu escutei uma batida na minha porta. 
- Demi? 
Era Petra. 
- Entre - eu disse. Petra era uma das únicas pessoas que eu achava que podia suportar naquele momento. Claro, depois de ja ter parado de chorar, porque antes nem mesmo ela eu suportaria.
- Eu pensei ter ouvido você ligar a banheira - ela disse, olhando pra mim preocupadamente da porta. - Você chegou em casa cedo, não foi?
- É - eu disse. - Não estava tão divertido, eu acabei descobrindo.
- Você e Joe brigaram? - Petra perguntou gentilmente. 
- Pode-se dizer que sim - eu disse. 
- Eu pensei que sim. Porque ele está aqui.
Eu sentei ereta na cama como um raio. 
- AQUI? AGORA?
- Sim, ele está lá embaixo. Ele gostaria de te ver.
Ha. Aposto que sim. Para que ele pudesse me dizer...o quê? Que ele achava que não deveríamos mais nos ver? Que ele havia decidido voltar à sua política do laissez-faire - e uma das coisas em que ele estava adotando essa atitude de agora em diante era eu? Que agora ele não queria nem mesmo ser meu amigo?
Bem, eu não ia dar a ele essa satisfação. De jeito nenhum eu iria descer. Não estando sem maquiagem, com meu cabelo parecendo todo selvagem e encaracolado do vapor do jeito que estava. Não com meu pijama da borboleta. Não com a cara inchada de tanto chorar. Isso não era jeito de se parecer durante um término. Não que estivéssemos terminando, porque nós nunca saímos. De qualquer jeito, ele poderia terminar ou o que seja comigo amanhã, quando eu estivesse usando gloss
- Você poderia dizer a ele que eu já fui dormir? - eu perguntei a ela.

Petra uniu suas sobrancelhas. 
- É claro que eu posso, se você quiser. Mas tem certeza de que é o que você quer, Demi? Ele parece muito preocupado com você. Ele disse...ele disse que alguma coisa aconteceu hoje a noite. Alguma coisa com Miley?
- É - eu disse. Tenho certeza que ele parecia preocupado. Provavelmente porque ele tinha medo do tipo de feitiço que eu lançaria nele depois dele me chutar. Era só isso. - É, tenho certeza.
- Bem - Petra disse. - Tudo bem. Você quer falar sobre isso?
Se eu queria falar sobre isso? Eu não queria nem PENSAR nisso, nunca, nunca mais. 
- Quer saber? - eu disse. - Eu só quero mesmo ir dormir, se você não se importa.
- Está bem - Petra disse, com um belo sorriso. - Só lembre-se, eu estou aqui se você precisar. Não precisa ficar envergonhada por causa do Willem. Se você precisar de alguma coisa, só bata na porta lá de baixo. Tudo bem?
- Tudo bem - eu disse, arrumando um sorriso. - Obrigada. E boa noite.
- Boa noite, Demi - Petra disse, e fechou a porta atrás dela. 
Petra era um amor. Eu iria mesmo sentir a falta dela quando eu fosse para casa. 
O que seria, eu já tinha decidido, assim que eu arranjasse um bilhete. Porque eu não podia ficar em Nova York nem mais um segundo. Eu certamente não podia voltar pra escola na segunda. Eu iria encarar Joe amanhã, porque eu devia a ele isso, de qualquer jeito. 
Mas eu ia voltar para Hancock, aonde eu pertencia. Depois da Miley, cuidar do Dylan seria fácil. 
Além do mais, talvez depois de ter descoberto sobre o boneco, ele se acalmaria um pouquinho. Garotos não gostam de saber que mentiram para eles e os manipularam. Joe era prova suficiente disso. Talvez Dylan seguisse o exemplo de Joe. Pelo menos UMA coisa boa iria sair de tudo isso, então. 
Eu falei para Petra dizer a Joe que eu estava dormindo, e eu apaguei as luzes assim que ela saiu, para mostrar que eu estava. 
Mas o sono demorou a vir. Eu fiquei deitada acordada, revendo a cena na Mesa Sete na minha cabeça, de novo e de novo.

Mas não importa quantas vezes eu tentasse, eu não podia pensar em uma única coisa que eu poderia ter dito para fazer Joe acreditar em mim. Miley realmente tinha feito um excelente trabalho manipulando a situação ao seu gosto. Eu esperava, depois disso, que ela conseguisse o que ela queria. Joe. Nada mais de Petra. Os poderes mágicos de Branwen. O que quer que fosse. Certamente, poucas pessoas tinham trabalhado tão duro por isso quanto ela. 
Pelo menos, não de um jeito tão perturbador.
Eu não sei que horas eu adormeci. Mas eu sei que horas eu acordei. Duas da manhã. 
Eu sei porque eu abri meus olhos e vi os numerais digitais vermelhos no relógio perto da minha cama. 
A razão pela qual eu acordei? Bom, foi uma coisa muito engraçada. 
Não foi porque de repente eu me enchi com um sensação de que - para variar - tudo iria ficar bem. Não foi porque, desesperada como eu estava quando eu havia adormecido, eu havia acordado com uma sensação de calmaria, uma sensação de que não havia nada - nada no mundo - que eu precisava temer, embora ambas essas coisas fossem verdade. 
Não, eu acordei porque tinha alguém de pé do lado da minha cama, e sussurrando meu nome. 
- Demi - a voz disse. - Demi.
Era uma garota, usando um longo vestido branco. 
Mas não era Miley, ainda vestida em sua roupa de baile da primavera. 
Porque essa garota estava sorrindo para mim - e não de um jeito mau, mas como se ela sinceramente gostasse de mim. Além disso, ela tinha um longo cabelo vermelho. 
E, apesar de eu não a conhecer, eu sabia o nome dela. Eu o sabia tão bem como eu sabia o meu próprio. 
- Branwen? - eu disse, me sentando.

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"O impossível é só questão de opinião, e disso os loucos sabem"
Eu adoro essas coisas sobrenaturais *-* Na verdade, quis fazer essa adaptação justamente por causa disso... Assim já dou uma treinada também para meu próprio livro fantástico - em projeto.
O que vocês acham que Joe queria falar? E como ficarão as coisas na casa dos Pitt agora que tudo isso aconteceu? Qual será o motivo de Branwen ter aparecido para Demi? 
~xoxo ♥