22 junho 2013

Coincidências do Destino - Parte 4

- Post Automático -


Christian

- Você tem alguma ideia de onde estamos? – Jennifer pergunta, olhando para os lados e eu dou um riso baixo. Não respondo nada, apenas balanço a cabeça em negativa e ela ergue as sobrancelhas, parecendo preocupada. – Só espero que a gente consiga voltar para o hotel depois. 
- Você fala português. Qualquer coisa é só perguntar, certo? – ela me olha por alguns segundos, mas por fim assente, sorrindo. Caminhamos um pouco pela cidade, nos arredores do hotel, alternando o tempo entre conversas e silêncios agradáveis. Por fim, o calor do verão nos obrigou a transferir a caminhada para a beira do mar. O problema é que estávamos indo no sentido contrário ao do hotel, e para se perder era facílimo e muito provável. Eu não estava exatamente preocupado com isso, mas tranquilizei Jennifer mesmo assim. Ela olha para o lado por alguns momentos, sussurra alguma coisa que não entendo e sai correndo em direção à calçada. – Jennifer? – chamo, mas ela olha para trás e faz um breve movimento, me convidando a segui-la. É isso que eu faço, mas vou devagar. Observo-a entrar em algo que parece uma banca de revistas e quando chego à entrada ela já está saindo, com uma pequena revista em mãos. 
- Que foi? – pergunta, quando percebe que não digo nada e eu apenas rio, a acompanhando de volta à beira do mar. Andamos por alguns minutos em silêncio, e a garota lê a revista que comprou; não consigo ver seu título então apenas espero ela terminar de ler. De repente, ela se vira para mim com um sorriso. – Qual é o seu signo? – pergunta e eu reviro os olhos. A revista é sobre astrologia. Eu devia ter adivinhado. Ela me cutuca de leve com o cotovelo. – Ah, qual é. – me olha por alguns instantes e eu permaneço irredutível. Jennifer para de repente, e puxa o meu braço, me parando também. Ela sorri como se tivesse acabado de ter uma grande ideia. – Se você me disser seu signo, saímos para jantar hoje à noite e eu uso seu chapéu de pirata. 
- Só o chapéu? – pergunto, analisando a situação, e ela nega levemente. 
- Só o chapéu. É pegar ou largar. – analiso as possibilidades por alguns instantes, e imaginar Jennifer usando o chapéu acaba me convencendo. 
- Leão. – revelo, por fim, e ela sorri, começando a andar novamente. 
- Marte e Aquário mexem com seu coração – ela começa a ler e eu reviro os olhos novamente, mas não interrompo. - e uma nova paixão pode surgir a qualquer momento do mês. Uma pessoa inteligente, independente e diferente do comum pode marcar o início de uma nova fase. – ela ri, fechando a revista. – Acho que você vai se apaixonar, hein. – me cutuca de leve, com um sorriso no rosto. -Cuidado. 
- Ah, claro. Vou tomar cuidado. – falo de maneira debochada, revirando os olhos mais uma vez. 
- Não entendo como você pode odiar astrologia. 
- E eu não entendo como você pode amar. – olho para ela, que continua encarando o oceano. – Você tem essa mania desde pequena? 
- De conferir meu horóscopo todos os dias? Sim. – ela olha para o chão e sorri. – Quando eu era criança minha mãe lia as previsões do meu signo pra mim todos os dias antes de eu ir para a escola e nos finais de semana durante o café da manhã. Era como um ritual, já fazia parte da rotina. – ela dá de ombros, rindo baixo. – Depois que ela morreu eu continuei a fazer isso; no começo era meio melancólico, mas agora me acostumei. Foi a minha maneira de manter ela por perto... De sentir ela comigo todos os dias, sabe? Pessoas normais têm fotos, eu tenho revistas de astrologia. 
- Uau. – exclamo, surpreso com a história. – Confesso que você me surpreendeu de novo. 
- Acho que estou ficando especialista nisso. – ela sorri, afastando o cabelo dos olhos. Eu avisto uma banca a alguns passos de distância, e a única palavra que reconheço dali é Milk-shake. Peço para Jennifer esperar um pouco e vou até lá, fazendo o pedido para um cara sorridente que – ainda bem – entendia um pouco de inglês. Ele me entrega dois copos de plástico com canudos e eu dou o dinheiro para ele, agradecendo e saindo dali e voltando ao local onde minha acompanhante está parada. Ela me olha com uma expressão confusa e eu entrego a ela um dos copos. Depois de provar o milk-shake, seu sorriso aumenta. – Cerejas? – dá um risinho e me abraça de lado, meio sem jeito. - Muito obrigada. 
Dje nadá. – arrisco a falar, em português, e ela me olha de um jeito engraçado, começando a gargalhar logo em seguida. Não entendo nada. Achei que era exatamente aquilo que o homem da banca tinha dito. – Qual é a graça? 
- Você tem um sotaque muito bonitinho, sabia? – responde, quando consegue parar de rir. – De nada. – ela repete, de modo um pouco diferente e eu assinto, finalmente entendendo. 
- Ah, qual é, não foi tão ruim. Eu nem falo português, poxa. Dê um desconto. – brinco, cutucando seu braço de leve e Jennifer sorri largamente. 
- Eu sei. Por isso mesmo. – ela para de andar, me entrega seu copo e dá mais alguns passos para dentro da água, abrindo os braços e fechando os olhos enquanto joga a cabeça para trás. Eu poderia fazer o mesmo, mas não consigo tirar meus olhos da mulher à minha frente. Tem alguma coisa nela que é tão intrigante quanto irresistível. Seus cabelos castanhos caem em ondas em suas costas, e balançam por conta do vento. O vestido solto que ela está usando se mexe freneticamente, como em uma dança imaginária. Observo a cena, extasiado. Além de ser inegavelmente linda, ela tem um brilho especial. Não sei o que é, mas quando olho para ela não consigo desviar o olhar. O que tem de errado comigo? - Die Sonne ist schön, nicht wahr? – escuto-a dizer e franzo a testa. 
- Hã? – deixo escapar, e ela solta uma risada, abrindo os olhos e virando para mim. 
- O sol é lindo, não é? – traduz e eu sorrio, concordando. 
- E por que razão você falou isso em alemão mesmo, hein? – ela me olha com curiosidade. 
- Então você sabe que eu acabei de falar alemão? 
- Claro que sei. – faço uma pose convencida, me aproximando um pouco mais. - Ich spreche Deutsch. – ela abre a boca, completamente surpresa e eu tento segurar o riso, em vão. Uma risada escapa por meus lábios e Jennifer faz cara de quem não entendeu nada. – Não se empolgue. Essa é a única coisa que eu sei falar em alemão. – é a vez dela de rir. – Sim, a única coisa que eu sei falar em alemão é “eu falo alemão”. Irônico, não? 
- Irônico? Eu diria surreal e estranho, mas irônico serve. E preciso repetir que você tem um sotaque adorável. – ela sorri e eu cruzo os braços, fingindo estar incomodado. 
- Você é a garota que fala quatro línguas e sou eu que tenho um sotaque adorável? 
- Dizem que é chato eu me gabar por ser poliglota, mas ficam jogando na minha cara o tempo inteiro a minha situação linguística. Não entendo vocês, humanos. – coloca as mãos pra cima, com uma expressão engraçada e eu sorrio largamente, convidando-a para voltar ao hotel. 


Jennifer

Assim que voltamos ao hotel, Brianna praticamente surta e arrasta Christian para longe, falando algo sobre provar as roupas do desfile. Eu não entendo nada e ele me dá um sorriso de desculpas, sumindo pelo corredor. Ao conferir o celular, percebo que ficamos fora por mais ou menos uma hora e meia. Tive a sensação de ter sido bem menos, foi tão agradável que nem vi o tempo passar. 
Subo até o quarto, distraída e coloco o biquíni e pego uma toalha e o protetor solar. A parte de cima do biquíni me faz rir, me lembrando do jantar com Chris, já que tem brilho por todo ele, assim como o vestido que eu usava. 
Pego meu Ipod e coloco os fones no ouvido, ao som de Give me Love, do Ed Sheeran; uma das minhas músicas favoritas. Ela é calma, mas é linda. 
Sigo até a piscina com calma, e fico aliviada ao ver que está tudo tranquilo, sem crianças correndo para lá e para cá, nem adolescentes bêbados gritando quanto a vida é linda. Meu sorriso chega ao rosto sem que eu perceba e eu paro em frente a uma das cadeiras de madeira que tem ali, esticando minha toalha e deitando em cima dela. Começo a passar o protetor nos braços, distraidamente enquanto escuto a música, depois na barriga e por fim nas pernas. Quando fecho o protetor e o coloco no chão, percebo que tem um homem me observando, sentado na cadeira ao lado. Tiro os fones e o olho, confusa. 
- Posso ajudar? – pergunto, em inglês, antes de me lembrar que estamos no Brasil, mas antes que eu possa repetir a pergunta em português ele sorri. 
- Pode. Como é o seu nome? – o olho de cima abaixo, tentando avaliar se é confiável ou não, mas o sorriso simpático e a aparência indefesa acabam me convencendo. Sorrio de volta. 
- Jennifer. E o seu? 
- Eric. – ele ri, e seus cachos ruivos balançam um pouco, de um jeito fofo. Levo um susto quando vejo Christian vindo em nossa direção, não só por não esperar ver ele por perto tão cedo, mas também por ficar extasiada com seu corpo perfeito. Ele parece um deus grego, ou alguém saído de um filme. Chega a ser surreal, ele nem parece humano. E eu não acredito que pensei isso. 
Ele chega ao nosso lado e, quando vê Eric, olha para mim sorrindo e se aproxima. 
- Oi, meu amor. – diz, se abaixando para me dar um beijo na testa. Eu não entendo nada, mas não pergunto também. Não sei se é por culpa dos músculos de Christian ou pelo fato de ele ter me chamado de “amor”, mas Eric dá uma desculpa qualquer e praticamente evapora em um segundo. Chris senta no lugar onde ele estava, puxando a cadeira um pouco mais para perto de mim. Fico encarando-o por alguns segundos, até que não consigo me segurar. 
- Ok, que diabos foi isso? – pergunto, com raiva, mas ele não parece se importar, apenas se deita na cadeira. 
- O que? Eu só estava te protegendo desse babaca. 
- Ah, é mesmo, oráculo? – comento irônica. – E como você deduziu que ele era um babaca? 
- Hoje de manhã, antes de aparecer lá no salão para tomar café com vocês, eu passei por ele no corredor e ele estava com umas cinco mulheres ao redor dele, todas praticamente penduradas em seu pescoço. Você acha mesmo que ele não é um babaca? – ao final da última frase, ele se vira para mim e seus olhos azuis ganham certo brilho por culpa da luz do sol, que bate direto em seu rosto. Eu olho para cima e bufo, irritada. 
- Ele parecia um cara legal. 
- Tão legal que eu aposto que ele estava pensando em mil maneiras de transar com você enquanto te observava. Fala sério, Jennifer. Você me deve uma. 
- Se eu precisasse de ajuda, teria pedido. 
- O cara é um idiota. 
- Você não acha que sou eu quem tem que deduzir isso? 
- Você não precisa deduzir. Eu estou te dizendo. Ele é um idiota. 
- Não, Christian. Você é um idiota. – levanto, pegando minhas coisas e saindo dali. 


Christian

- Ok. – digo para mim mesmo, assim que Jennifer some de minhas vistas. – Eu definitivamente não entendo as mulheres. 
- Precisa de alguma ajuda com isso? – Melanie me dá um susto, aparecendo do nada com uma expressão divertida. – Sou expert em “Jennifer”. 
- E como você sabe que era dela que eu estava falando? – pergunto confuso, me sentando de frente para ela, que agora está sentada onde a prima estava. 
- Qual é. – ela ri, de um jeito debochado. – O furacão passou por mim. Ela estava irritada. O que você fez? 
- Tinha um babaca puxando papo com ela e eu o espantei me fingindo de namorado dela. 
Uh, oh. – a expressão em seu rosto é engraçada, uma mistura de espanto e divertimento. – Alerta de perigo. Você não deveria ter feito isso, meu querido. 
- E por que não? 
- Digamos que ela não tem um histórico muito feliz no que se refere a confiar no julgamento das outras pessoas. Mas essa é uma história que ela mesma tem que te contar. – dá de ombros. – Brianna pediu para eu vir te chamar, ainda temos alguns detalhes para resolver. Vamos. – acena, impaciente e eu logo me levanto, seguindo-a. 


Jennifer

Segundos depois de Melanie sair para jantar com algum cara que conheceu ali, ouço batidas na porta e abro, impaciente, pensando que ela esqueceu a chave. Mas é Christian. Ele está com uma calça jeans e uma blusa branca. Simples, mas muito charmoso. Sorrio para ele, cumprimentando-o com um aceno de cabeça. Ele me olha confuso, e depois explode em uma gargalhada. 
- Você é imprevisível, sabia? 
- Não entendi. – respondo, confusa e ele ri fraco. 
- Deixa pra lá. Você ainda vai sair para jantar comigo? – ele tira as mãos das costas, revelando o chapéu de pirata e eu me lembro do que tínhamos combinado. Levanto um dedo para ele, pedindo que aguarde, e vou até o quarto para calçar uma sandália. Ele me estende o chapéu quando apareço na porta novamente e sorri quando o coloco na cabeça. – Ficou uma gracinha. Eu adotaria definitivamente o novo visual, se fosse você. 
- Engraçadinho. – mostro a língua para ele, fechando a porta atrás de nós e seguindo-o até o elevador. Seguimos até o carro e eu fico surpresa por não irmos a pé. – Pra onde estamos indo? 
- Você vai ver. – pisca para mim, abrindo a porta do carro. Entro, com um sorriso de agradecimento, e ele dá a volta, também entrando no carro. Logo dá a partida, e eu seguro a curiosidade de perguntar novamente para onde vamos. Vejo duas mochilas no banco de trás, mas novamente fico quieta. O que será que ele está planejando? 
Depois de alguns minutos em silêncio, ele para o carro em um lugar estranho e deserto, desce do carro e abre a porta para mim. 
- Que lugar é esse? 
- Caramba, Jen. Confie em mim. É uma surpresa. – finalmente aceito sua mão estendida, saindo do carro. Ele pega as mochilas, sem soltar minha mão, e me conduz por um caminho estreito e íngreme, mas no fim vamos parar na areia. Consigo ver o mar um pouco distante, mas Christian para ali mesmo, em um lugar na areia entre duas rochas. Ele tira algo branco da mochila, e eu começo a rir quando vejo o que é. 
- Um lençol? 
- Que foi? – estende o lençol no chão, sentando em cima dele. – Senta logo, vai. – dá um tapinha à sua frente e eu finalmente me sento, rindo. – O que? 
- Nada. Só estou surpresa. Como foi que o senhor turista descobriu esse lugar deserto, posso saber? 
- Eu tenho minhas fontes. – ele sorri e eu fico ainda mais curiosa. Começa a tirar algumas coisas da mochila, mas quando tira dois pratos e quatro talheres eu dou um pulo, surpresa. 
- Você trouxe um banquete para cá ou o que? 
- Só algumas coisinhas. – ri baixo, e eu me ajeito em cima do lençol. É incrivelmente confortável, e não nos suja de areia. Confesso que a ideia de Christian foi muito boa. – Está com fome? 
- Depende... – digo, receosa, e ele dá um sorriso, mexendo em alguns potes, revelando arroz, camarão e um molho que não sei do que é, mas me parece ser de frutos do mar. – Sim. – confesso, rindo, e ele pega os pratos, servindo nós dois. Entrega um para mim e eu sorrio, agradecendo. – E onde foi que você conseguiu essa comida mesmo? – pergunto, curiosa, e experimento-a. – Muito boa, por sinal. 
- Digamos que eu fiz alguns amigos no hotel. – dá de ombros, sem mais explicações. – Gostou da comida? Sei que você adora frutos do mar tanto quanto eu, então... 
- Está maravilhosa. Mesmo. – elogio, sorrindo e ele agradece com um aceno. 
Comemos em silêncio e eu aproveito a oportunidade para aproveitar a beleza do lugar onde estamos. É um espaço amplo e realmente deserto. O mar está lindo, e a única luz que nos ilumina é a da lua, que está enorme, brilha muito e reflete no mar, o que transforma algo tão simples e natural em uma paisagem de perder o fôlego. Ao terminar de comer, deixo o prato de lado e pego meu celular, tirando uma foto daquilo. 
- Jennifer? – viro a cabeça para trás e escuto um clique. Christian sorri, observando o celular. – Ficou ótima. O chapéu deu um brilho especial pra paisagem. – pisca, e eu tiro o chapéu de pirata da cabeça, dando um pulinho para parar ao lado dele. Coloco-o em sua cabeça e tiro uma foto antes que ele possa protestar. Quando analiso o resultado, fico satisfeita e escondo o celular antes que Christian possa fazer qualquer coisa. – Você é esperta. – ri, balançando a cabeça e tirando o chapéu.

Para ver a original, clique aqui.

2 comentários:

  1. OI minha linda saudads de você :( desculpa novamente por eu ter sumido novamente... posta logo o proximo capitulo pra mim poder dar um comentario descente pra voce ti dolu.. :)
    entra ai se possivel: http://lovetrueneverletyougo.blogspot.com.br/

    eh comedia viu?! se gostar divulga pra mim...
    bigado

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    1. Oii, saudades tambéem
      só chegou o e-mail do seu comentário hoje, acredita? Achei até estranho Oo
      Ah, tudo bem.. Eu também to estrando bem pouco, e comentando menos ainda, sei como eh dificil :/
      Ti dolu s2
      Ta bom, vou ver ^^
      beijoos :*

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