11 maio 2013

Coincidências do Destino - Parte 2

- Post Automático -


Christian

Tiro o casaco sujo de café, feliz por ele ter me protegido de ter minha camisa molhada também, e deixo-o de lado. Não gostava dele, mas Brianna tinha praticamente me obrigado a usá-lo. 
E agora aquilo acontecia. Essa garota surge do nada e derruba café em mim. Droga, ela era linda, mas precisava ser tão descuidada? E o pior é que eu consegui ser rude com ela. Palmas para você, Chris. 
Deixo o casaco ali em cima da pia, sem parar para pensar no quanto minha irmã vai ficar brava por eu simplesmente largá-lo ali. Quando saio, vejo que a maluca do café está sentada, com o rosto entre as mãos. Será que ela ainda estava se culpando pelo que aconteceu? 
- Ei. – me aproximo, e ela se levanta repentinamente. Cai para o lado e eu estendo os braços para segurá-la. – Está tudo bem? O que você tem? 
- Tontura? – fala, como se fosse óbvio, e eu não consigo segurar uma pequena risada. Tenta se firmar em pé e pega o celular, que começa a tocar. – Oi Mel. Estou indo. – de forma rude, tiro o celular da mão dela e o coloco no ouvido. A mulher apenas me olha, com os olhos arregalados. 
- Com licença. Acho que ela não está em condições de ir a qualquer lugar agora. Ela está sentindo umas tonturas e... 
Onde vocês estão? – a voz pergunta. 
- Ao lado da escada rolante. 
Estou indo para aí
Desligo e devolvo o celular a ela, que continua me olhando espantada. 
- Quem quer que esteja do outro lado da linha está vindo para cá agora. – ela ameaça despencar mais uma vez e eu a seguro. – Acho melhor você se sentar. – ela incrivelmente não discute, apenas senta. 
Em alguns segundos uma mulher aparece correndo, e imagino que deva ser a tal Mel, já que tem algumas semelhanças com a mulher ao meu lado. Ela sorri para mim e entrega algo a ela. 
- Oi. Obrigada por me avisar. Ela tem anemia. Precisa tomar comprimidos de ferro de vez em quando. Desculpe por isso. – estende a mão para ajudar a outra a levantar, mas a tontura parece já ter passado. A recém-chegada fala algo para a outra e vai seguindo em frente. 
- Ei, obrigada. E desculpe pelo casaco. – sorri, envergonhada e eu me limito a um dar de ombros. 
- Não foi nada. A propósito, meu nome é Christian. 
- Bom pra você. – ela sorri, sumindo pelo longo corredor, e eu fico parado com cara de idiota. 
Preciso descobrir o nome dessa mulher. 


Jennifer

- Uau, olá Rio! – sorrio, extasiada, enquanto tiro meu casaco. Verão! Sol! Calor! Praia! Tem coisa melhor? 
- Caramba, Jen, a gente está no aeroporto ainda. – Mel reclama, e eu mostro o dedo médio para ela. 
- Não destrua minha alegria, ok? 
- Ok. Mas quero só ver quando você descobrir onde nós vamos ficar. Copacabana, lá vamos nós! – ela parece se lembrar de algo e olha para mim. – Ah. Iremos para lá só se pegarmos um táxi, já que a senhorita esqueceu a habilitação na Inglaterra e o carro que eu aluguei vai continuar por aqui mesmo. 
- Vocês aceitam uma carona? – uma voz masculina me surpreende e quando me viro vejo que quem falou conosco foi o tal Christian. Agora finalmente paro para olhá-lo com mais calma e reparo em como ele é bonito. Alto, com uma pele clara, aqueles olhos azuis brilhantes e a pose convencida. Seus cabelos castanhos são quase da mesma cor dos meus e não são nem curtos, nem longos. Em minha opinião, do tamanho perfeito. Estão bagunçados em um corte que o deixa com certo charme. Certo. Como se ele precisasse de mais essa. 
Melanie se vira para mim, com as sobrancelhas arqueadas e eu dou de ombros. 
- Achei você, irmãozinho! – uma voz aguda chama a atenção de Christian e ele se vira. Logo uma garota estranha aparece. Ela é baixinha e está usando algo que me lembra uma piscina de bolinhas. É um vestido preto com várias bolinhas coloridas. Usa um scarpin listrado com várias cores e seu cabelo está preso para cima (literalmente, tipo bem no meio da cabeça), com algumas presilhas que me lembram de borboletas. No mínimo bizarro. 
O que é mais bizarro ainda é quando minha prima sorri para ela e elas se abraçam. 
- Brianna? 
- Melanie! – a outra responde, e elas engatam em uma conversa à qual não presto atenção. Christian me encara com um olhar divertido, e as sobrancelhas arqueadas. 
- Tenho a impressão de que você vai aceitar a carona. – ele diz, cruzando os braços. 
- Não acho que eu tenha alguma escolha. – é tudo o que eu respondo, pegando a minha mala e a de Melanie e levando até o carro do lado do qual as duas estavam conversando, elas logo entram no banco de trás. Christian logo aparece com outras três malas e me surpreendo ao ver todas elas caberem no porta-malas do carro. Ele sorri novamente e abre a porta do carona para mim. Entro, a contragosto. Por que raios ele estava sendo legal comigo? Caramba, eu derrubei café nele. Café quente. Ele tem algum problema? 
Ele logo dá a partida, e depois de um pouco de conversa acabam descobrindo que estão hospedados no mesmo hotel que nós duas. Ótimo. 
Paro para prestar atenção na conversa e descubro que Brianna é assistente do estilista que vestirá a Mel para o desfile. E elas são amigas. O que significa que terei que conviver com o Christian enquanto estivermos ali. Não sei por que me incomodo tanto com isso, mas tem algo nele que é tão... Irritante. Inquietante. E ao mesmo tempo curioso. 
Tiro da bolsa a revista que comprei no dia anterior e releio tudo o que tinha lá sobre o meu signo. Quando paramos em um sinal, Christian tira a revista de minha mão e eu o olho, furiosa. Ele ri. 
- Não vá me dizer que você acredita nessas bobagens. – diz, atirando a revista em cima de mim. 
- Claro que eu acredito. E isso foi bastante rude, caso queira saber. 
- Perdão. – responde, e parece sincero, mas não compro seu arrependimento. – Odeio astrologia. Acho besteira. Não sei como eles conseguem fazer tantas pessoas acreditarem em algo tão ridículo como previsões do futuro. 
- Se eu fosse você, pararia de falar, Christian. Você não ia gostar de ver minha priminha brava. Acredite. – Melanie o alerta, e eu sorrio largamente, olhando para a estrada. O homem parece entender o aviso, porque fica imediatamente em silêncio. 
Pego minha bolsa novamente, guardando a revista ali dentro e tiro um potinho de plástico, abrindo-o e começando a comer. 
- Mas que raios é isso? – o irritante pergunta e eu não olho para ele. 
- Cerejas. Já ouviu falar? – respondo, amarga, e ele ri. – Dá pra você prestar atenção na estrada e não em mim? 
- Eu tento, mas você é interessante demais. – provoca e eu coloco três cerejas na boca. O gosto maravilhoso delas me distrai e eu apenas ignoro a provocação. – Por falar em interessante, ainda não sei seu nome. – ele sussurra, e eu dou uma risadinha, ainda encarando o lugar. O Rio de Janeiro é um lugar belíssimo, a paisagem captura minha completa atenção. É tudo lindo, e a singularidade do local me encanta. O português parece a língua perfeita para ser falada aqui, é charmosa o suficiente. 
- Você sabe pra onde está indo? – a tal Brianna pergunta e Mel ri. 
- Mais ou menos. Só não sei se aqui viro à esquerda ou à direita. 
- Encoste aqui. – aponto para o acostamento e ele estaciona ao lado de uma banca de revistas. – Com licença. – chamo o homem, em português. – Você sabe me informar como eu faço para chegar até essa rua? – aponto para o nome no papel e o homem assente. 
- Você pode virar a direita no próximo sinal e depois do posto de gasolina entrar para a direita de novo. – o sotaque dele é um pouco diferente do que eu tinha aprendido com o meu pai, mas perfeitamente entendível. 
- Ok, muito obrigada. – agradeço, e rapidamente traduzo para o inglês tudo o que o homem me falou. Christian não fala nada nem liga o carro novamente. – O que foi? 
- Você fala português? – pergunta, extremamente surpreso, e eu reviro os olhos. 
- Falo. Agora se mexa, vamos. – respondo, e ele logo liga o carro. Em poucos minutos, chegamos ao hotel e aparecem alguns funcionários para carregar nossas malas. Eu continuo com o meu potinho de cerejas em mãos e aguardo no saguão enquanto Mel vai ao balcão pegar a chave dos nossos quartos. 
- Eu ainda não sei seu nome. – Christian sussurra, às minhas costas, me dando um susto. 
- Tem muitas coisas que você não sabe sobre mim. – digo, sorrindo. – Mas quanto ao nome, vou te deixar na curiosidade. – pego duas cerejas e coloco na boca dele, saindo dali em direção ao corredor, onde Mel estava. 
- Ei, isso é bom! – ele grita e eu rio, entrando no elevador junto com a minha prima. Nossas malas já estão dentro do quarto, e quando estou quase fechando a porta escuto vozes. Vejo pelo cantinho da porta Christian e Brianna, e ela entra no quarto ao lado do nosso, e ele no da frente. Ah, que legal. Realmente ótimo


Christian

Após dar uma breve arrumada em minha mala, troco de roupa e decido ir até a piscina do hotel, aproveitar esse verão quente. Apesar de gostar muito do inverno, o verão é a estação do ano que eu mais aprecio. E não é por causa das mulheres de biquíni, eu juro. Ok, só um pouquinho. 
Quando entro no elevador, tem um homem e uma mulher lá dentro e eles estão um pouco exaltados, parecia que estavam brigando. O homem, que devia ter uns trinta anos, apenas dá um breve aceno para mim e a mulher não para de olhá-lo, com raiva. 
- Travis? – ela diz, e ele a olha. – Hoje à noite, no lugar de sempre. – fala, no momento que o elevador chega ao térreo, e eles seguem por caminhos diferentes, como se nem se conhecessem. Estranho, mas não tem nada a ver comigo, então apenas sigo meu caminho até onde vi ser a piscina, mergulhando nela. Apoio-me em uma das bordas, mexendo as pernas sem muito entusiasmo. A mulher que estava no elevador aparece ali com as mesmas roupas de antes, só que agora a expressão em seu rosto é de pura felicidade. Ela caminha até um homem, beijando-o. Oh, que interessante. Acho que tem uma traição acontecendo. Qual dos dois será que é o amante? 
Fecho os olhos, aproveitando a sensação do sol em meu rosto, mas uma sombra escurece minha visão. Quando abro os olhos vejo que é a prima da amiga de minha irmã, que está inclinada sobre mim. Ela sussurra algo em meu ouvido, mas não entendo nada. 
- Ahn... Se for falar tão baixo, é melhor falar no outro ouvido. Não escuto direito nesse. – digo, baixinho e ela ri. É verdade. Quando eu era criança, perdi metade da audição do ouvido direito, em um pequeno acidente. Não me lembro do que aconteceu, e meu pai morreu antes de poder me contar. Eu tinha doze anos quando ele se foi. 
A mulher sorri, e se inclina sobre meu ouvido esquerdo. 
- Acho que vou te deixar na curiosidade de novo. – sussurra, e se levanta, pulando na piscina. Enquanto ela mergulha, levanto o olhar de novo para a mulher do elevador, e vejo que o homem que ela beijou está agora conversando com o tal Travis. Traição entre amigos. Acho que vou gostar desse hotel. – Olá Christian. – ela aparece ao meu lado e eu sorrio. 
- Você sabe o meu nome, mas eu não sei o seu. Isso não é justo. – reclamo, e ela sorri. 
- A vida não é justa. – levanta a cabeça e então reparo no colar que ela tem no pescoço. 
- Austrália? – levanto a mão e encosto no colar; ela parece tensa com o meu toque. – É meu sonho ir para lá, sabia? 
- Sério? O meu também. – sorri, mergulhando novamente. Ela sai da piscina e, depois de alguns minutos eu saio também, mas já a perdi de vista. 
Vou até o quarto e tomo um banho rápido, trocando de roupa. Um grito me assusta e eu abro a porta, dando de cara com um corredor vazio. Outro grito ecoa pelo corredor e eu percebo que veio do quarto de Melanie e sua prima. Abro a porta rapidamente, encontrando a mulher do nome desconhecido. Ela está envolta em uma toalha e com um olhar assustado; quando me vê, aponta para o chão e eu dou uma gargalhada. 
- Todo esse escândalo por causa de uma aranha? Caramba. Pensei que você estivesse morrendo. – ela me olha, com raiva. 
- Eu vou morrer se você não matar esse bicho logo. – ela parece realmente assustada, então antes de fazer qualquer comentário, vou até a aranha e dou uma chinelada nela, que morre imediatamente. Ouço seu suspiro de alívio e rio novamente. – Não tem graça. 
- Ah, não? A senhorita destemida com medo de uma aranha. – cruzo os braços. – Acho que tem graça sim. – ela me encara por um tempo, mas depois olha para a porta. 
- Não dá pra você por uma camisa, não? – ela pergunta e eu dou um passo em sua direção. 
- Por quê? Minha seminudez a incomoda? – provoco e ela aponta para a porta. – Você ainda não me agradeceu por ter matado o monstro terrível. 
- Obrigada. Agora saia. 
- Saio se você aceitar jantar comigo na praia essa noite. 
- De jeito nenhum. – ela parece irredutível - Saia
- Ótimo. – eu sorrio largamente. – Venho te buscar às oito.

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