26 dezembro 2013

Summer Love 2


Aqui estou eu, no carro de Ian, indo para sua casa, para morar com ele. Ok, 4 anos de namoro é muito tempo, pretendemos nos casar, o noivado está marcado, mas eu estou nervosa, o coração está disparado, e eu estou tentando controlar a respiração e parecer normal... Será que estou conseguindo? Espero que sim, afinal, eu disse para ele que estava tudo bem... E está mesmo. Está? Bom, daqui a pouco descobrirei.

- Chegamos, bebê - ele disse parando o carro e depois me deu um beijo na cabeça, o que fez com que eu fechasse os olhos, abrindo-os novamente quando ele se afastou e destrancou a porta do carro.

Saí do carro como se fosse a primeira vez que eu tivesse ido para lá. Olhei para tudo: a garagem, o jardim na frente da casa, o quintal enorme, o muro... tudo nos mínimos detalhes. Ao parar em frente ao portão, ele virou para mim, me olhando com aqueles lindos olhos penetrantes, que sempre me hipnotizavam, e dava um sorriso de lado.

- Nervosa? - ele perguntou se abaixando um pouco e me olhando nos olhos.
- Sinceramente - mordi o lábio e ele assentiu - um pouco - ele riu baixo, o que me tirou um sorriso involuntário.
- Eu também estou - ele me deu um selinho, segurou minha mão e fomos para fora da garagem, somente ouvindo o barulho do portão elétrico se abaixando atrás de nós.

Entramos na casa. Era uma casa realmente muito bonita, e eu, como ao chegar, estava reparando em tudo: a sala era grande, toda branca, com apenas uma parede num tom de azul, a parede onde esta encostado o sofá, também azul, mas num tom mais escuro, quase um azul-marinho. Um raque baixo do outro lado com os aparelhos de DVD e o roteador, e seus videogames, uma mesinha de centro se encontrava entre o raque e o sofá, e a televisão de tela plana na parede. Um aquário marinho grande um pouco mais a frente dividia a sala de estar da sala de jantar, que tinha uma mesa de 6 lugares e um tipo de barzinho, com bebidas tanto alcoólicas quanto não-alcoólicas, e no armarinho interno ficavam os copos e taças. Perto do aquário, do lado da sala, ficava o banheiro, ou melhor, lavabo. 
Um pouco mais adiante tinha a cozinha, que era grande também, toda branca, exceto pelas paredes que tinham uma tonalidade creme, e a pia e eletrodomésticos, que eram de inox, assim como a maioria das panelas.
Depois, ainda na cozinha, tinha uma porta que ia para a lavanderia, que era metade aberta e metade coberta, não muito grande, mas com um tamanho exato para ser confortável e caber tudo sem ficar com aquele aspecto "amontoado". Depois vinha a enorme piscina e a área da churrasqueira.
Na sala havia uma escada que ia para o andar de cima. Lá tinha um escritório grande que, agora, tinham duas mesas, devido à minha vinda, um armário grande e dois arquivadores, um dele e um meu.
Mais à frente, seguindo o corredor, tinha um outro quarto, onde eram guardados os jogos, CDs, DVDs, livros, etc. Também era lá que ficavam as contas e as coisas dos animais. O próximo era o quarto de hóspedes, que tinha uma cama de casal, um armário pequeno, somente duas portas, e uma cômoda. Ao lado da janela estava o banheiro.
No fim do corredor, tinha o quarto de Ian, ou melhor, o nosso quarto, que tinha uma sacada. Era composto por um armário grande, televisão, a cama de casal, um criado mudo com um abajur de casa lado e um espelho de corpo inteiro ao lado de um deles. No canto, parede oposta à do guarda roupa, haviam algumas prateleiras. O banheiro era bem grande comparado aos outros, tinha um banheira grande, redonda, além das coisas mais comuns e um armário para os produtos de higiene pessoal e as toalhas. Eu conhecia a casa como se fosse minha, e de fato é agora, mas por que estou tão nervosa? Não dá pra entender.

- Nina? - Ian falou chamando minha atenção. Quanto tempo eu fiquei parada aqui na porta olhando para um ponto fixo qualquer?
- Oi amor, desculpa - falei - eu estava pensando nas coisas...
- Pensando em mudar de ideia? - ele falou rapidamente, aparentemente desapontado, colocando a mala no chão.
- Claro que não. Só tentando imaginar como será daqui pra frente... minha vida aqui. Ou melhor, nossa vida. - Ele sorriu, assim como eu.
- Pensei muito nisso. Isso me deixa um pouco nervoso também, mas eu estou gostando da ideia - ele deu um sorriso tímido.
- É bem isso. Acho que tudo será perfeito - sorri, seguida por ele.
- Uhum. Porque você vai estar aqui - que lindo! Ele se aproximou e me deu um selinho - Vamos - pegou a mala novamente e passamos pela porta, entrando no quarto.

(...)

- O Paul? - Perguntei novamente.
- É, ele vai vir pra cá em trabalho, vai ficar aqui algumas semanas.
- Tá bom. Quando ele chega? - peguei o café para mim e para ele e levei na mesa, sentando à sua frente.
- Obrigado - disse ele tomando um pouco e mexendo no celular - Domingo. Ele vem domingo.
- Ok.

Terminei de comer e fui tomar banho, hoje tenho que fotografar um evento e não posso me atrasar.

(...)

- Ele está chegando - disse Ian lendo a mensagem.
- Ta bom, vou lá me trocar então - dei um beijo na bochecha dele e fui, já que estava só de camiseta.

Coloquei um shorts jeans, em cima do biquíni que acabara de vestir também, uma bata rosa e desci novamente. Está realmente muito calor.
Uns quinze minutos depois de ter me sentado novamente ao lado de Ian no sofá, toca a campainha, deve ser Paul. Ian se levantou e foi atender.

- Amor, você mostra pra ele onde vai ficar? Ian perguntou ainda da porta, depois de falar com tempo com seu amigo.
Concordei com a cabeça e Ian saiu, acho que foi fazer o churrasco, e eu fui cumprimentar Paul na porta.
- Nina! - falou Paul quando me viu.
- Hey - levantei a mão e ele me deu um beijo na bochecha - Conhece a casa, né? - ele riu. Foi da pergunta ou da cara que eu fiz? Não sei.
- Conheço sim - ele falou voltando às suas feições normais.
- Legal, então não tenho que mostrar nada mais, só o seu quarto - falei indo em direção às escadas.

Cheguei no quarto primeiro, e ele uns segundos depois, com as malas.

- Cama, cômoda, guarda-roupa - falei apontando para cada um - Use como preferir - apontei para a cama - O lençol coloquei hoje, então não coma aqui, tá? - rimos.
- Pode deixar - ele falou ainda rindo.
- O banheiro é ali - apontei - não sei se trouxe toalha, mas coloquei uma... É isso, qualquer coisa só falar - sorri.
- Ok, obrigado - ele disse finalmente largando tudo no chão - Você está muito linda, Nina - ele se aproximou - Quer dizer... Sempre está, né - e segurou meu pulso, de leve.
- Obrigada - sorri sem graça, tirei o braço e saí.

Desci as escadas e fui na churrasqueira com Ian. 
Devo contar o que acabara de acontecer no quarto? Que Paul teve uma atitude estranha?
Não. Melhor não.

- Vou fazer os acompanhamentos, tá? - ele estava temperando as carnes.
- Tá bom - me deu um selinho.
- Bebê... não acha que é muita coisa só pra três pessoas? - ele sorriu.
- Pensei nisso. Acha que alguém viria se chamasse agora? - Quem sabe..
- Talvez. Quem quer chamar? - perguntei.
- Chama os mais próximos - ele mordeu o lábio inferior. Assenti e entrei.

(...)

- Ele disse isso? - Katerina perguntou surpresa.
Somente ela, um primo de Ian e um amigo dele haviam vindo. Mas já era o suficiente.
- Disse, Kat. E eu achei muito estranho - Paul não é disso. Pelo menos comigo nunca foi assim.
- Ah, vai ver foi só um elogio, sem segundas intenções - ela disse pegando mais um pedaço de carne.
Espero mesmo que seja isso, mas infelizmente não foi o que pareceu.

(...)

- Toc toc - Paul falou ao pé da escada, quando eu estava no sofá assistindo supernatural.
- E aí - falei sem tirar os olhos da TV.
- Posso me sentar? - ele falou apontando para o sofá.
- Claro - olhei rapidamente para ele e voltei para a série - Pipoca? - Passei o pote para o lado assim que ele sentou. 
Paul pegou um punhado.
- Hmm, manteiga - ele falou de boca cheia.
Assenti.
Ele me cutucou assim que chegou na propaganda, me virei para ele.
- O que você acha de mim? - Quase engasguei com a pipoca.
O que ele quis dizer com isso?
Calma Nina, deve ser coisa da sua cabeça, como Katerina disse...
- Ah... te acho muito legal - eu disse. Mas, mesmo não sendo nada... por que ele estava me perguntando aquilo?
- O que mais? - ele perguntou passando a mão na minha perna.
Tirei a mão dele rapidamente.
- O que você pensa que está fazendo? - falei subindo no braço do sofá.
- Ah, Nina, qualé ?! - ele falou se aproximando mais - Ian está levando o cachorro para passear, vamos aproveitar - ele falou e tentou segurar minha mão, não conseguindo porque pulei do sofá, por reflexo, derrubando o pote de pipoca que, por sorte, estava não fim e não sujou nada.
Aproveitar o quê?
O soco que eu estava pensando em dar mas me contive por lembrar que ele era bem mais for do que eu?
- O caso é que Ian, meu futuro marido, é o homem que eu amo - abaixei e peguei o pote, tomando cuidado para não derrubar nada, já que o resto das pipocas haviam ido para a borda.
- Mas não teremos amor. Não precisamos ter - ele se levantou - teremos aventura.
Aventura?
- Não quero me aventurar com você e nem com ninguém - saí da sala e subi as escadas, indo me trancar em meu quarto.

(...)

Aqueles dias estavam sendo uma tortura. Paul tentava algo todos os dias, e eu tinha que contar para Ian, mas como?
Eu só pensava nisso, a todo momento, nem me concentrava direito nas fotos... e estava comendo mais. Deve ser de nervoso. Ou ansiedade para que ele vá embora. 
Meu estômago roncou.
Olhei para o lado e encontrei Ian dormindo, estava como um anjo. Um anjo babão. 
Sorri boba com meus pensamentos, olhando-o.
Levantei pé-ante-pé para não acordá-lo e fui em direção à cozinha.
Abri a geladeira. Não encontrei nada que me apetecesse. 
Segui fuçando nos armários. Quero coxinha. Hmmm, uma coxinha feita em casa iria muito bem. Acho que vou fazer.
Achei o livro de receitas, yes! Parei minha dança de comemoração e fui procurar os ingredientes.
Droga, tem pouco frango. Não dá pra fazer só com isso. Não vou comprar frango agora. 
Fiz um misto quente, comi e voltei para a cama.
Uma lágrima desceu pelo meu rosto. O que é isso? Estou chorando porque não tem frango? Devo estar de TPM... Afinal, já era pra eu ter menstruado. Se for isso posso até cancelar o médico.

(...)

Olhei no relógio. 
Nossa, já está tarde. Virei na cama e Ian não estava lá. Procurei passando o olhar pelo quarto e nada. Me arrumei rapidamente e desci.

- Bom dia, dorminhoca - Ian falou pra mim da cozinha - Não precisa se preocupar com o almoço hoje, temos que acabar com essas carnes, já estão na geladeira faz tempo - ele estava se referindo às sobras do churrasco do dia que Paul chegou.
- Tá bom, bebê - falei e dei um selinho nele - obrigada.
- Não se preocupe - ele sorriu.
- Já levou Lucky para passear? - ele fez que não com a cabeça - Então vou levar... e passar no mercado.
- Tudo bem - nos beijamos, peguei uma maçã para ir comendo e saí.

(...)

Cheguei em casa com o frango pronto para ser desfiado e com o exame de sangue em mãos. Tinha me esquecido que teria que buscar o resultado hoje, sorte que coloquei um alarme no celular... e que o hospital é perto.
- Oi Nina - Paul disse na porta, me impedindo de entrar.
- Ai Paul, não enche - falei tentando empurrá-lo, sem sucesso.
- Hey, não quer ajuda com as compras? - ele falou apontando para a sacola.
- Não, obrigada - o empurrei novamente e entrei.
- Ah, vamos Nina, pare com isso - fui guardando as coisas, e ele foi me seguindo - Ian está na churrasqueira - soltei Lucky, que foi direto para o pote d'água - Vamos sair um pouquinho que ele nem perceberá.
- Ah Paul, me deixe em paz - falei indo em direção às escadas, com a intenção de ir para o meu quarto ver o exame.
- Nina! - ele me segurou no pulso.
- Me solta - falei puxando o braço - Me solta!! - ele me prendeu na parede.
- Shhh - ele falou chegando mais perto, virei o rosto.
- Sai daqui, Paul - falei chutando-o - Sai daqui, agora!

Algo jogou Paul para longe. Era a mão de ian, socando-o.
Eles começaram a brigar.

- Ian, pelo amor de Deus, vocês estão perto da escada - falei tentado fazê-los parar - Ian...

Não consegui terminar a frase e corri para o banheiro para vomitar.
Um tempo depois, senti mãos me sustentando. Tentei virar pra ver quem era, mas rapidamente voltei a golfar. Mas, mesmo rápido, consegui olhar.
Era ian, que estava com o nariz sangrando e o rosto todo machucado, além das mãos trêmulas. 
Eu ouvia também alguns sons do quarto de hóspedes. Creio que Paul esteja arrumando suas coisas.

- Está bem? - Ian falou quando eu estava limpando a boca, fiz que sim com a cabeça, simplesmente - O que é isso? - ele apontou para um papel no chão.
- Meu exame de sangue - ele pegou o papel e começou a ler.
- Nina - ele falou sorrindo, apontando para o exame. Olhei onde estava seu dedo.
- Estou grávida!

| Fim |

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