01 junho 2013

Coincidências do Destino - Parte 3

- Post Automático -


Jennifer

- Você ficou maluca? Eu não vou usar todo esse... Brilho. - seguro o vestido em um único dedo, balançando-o em frente a Mel. Falei para ela que ia jantar fora, já que ela tinha compromissos profissionais, e ela atirou em mim um vestido de paetê totalmente dourado. Era lindo, mas tinha brilho demais. 
- Ah, por favor. 
- Melanie, é um jantar. Em uma praia. No verão. 
- Use uma sandália baixa então. Qual é. – ela parecia decidida a me fazer ir com aquele vestido. – Fica lindo em você, mas é curto demais para mim. Em você fica perfeito. Por favor, Jen, faz isso por mim! 
- Você é louca. Mas tudo bem, eu uso... Isso. – cedo e ela comemora, logo saindo para o tal jantar. Eu me troco e prendo o cabelo para o lado, colocando o vestido e uma sandália baixa. 
Ouço duas batidinhas na porta, e dou de cara com Christian. Caramba, porque ele tinha que ser tão lindo? Ele estava com uma calça jeans escura e uma blusa branca folgada, o mesmo cabelo bagunçado de sempre. Seguro um suspiro, porque não quero dar a ele mais esse trunfo sobre mim. Já basta a cena da aranha. 
- Vamos? – pergunta, estendendo o braço, e eu dou uma gargalhada. – Que foi? – sorri. 
- Por que você está com isso na cara? 
- Você está falando do chapéu ou do tapa olho? 
- Dos dois. – respondo, rindo, e ele dá de ombros. 
- É porque durante a noite eu sou um pirata. – responde, sussurrando, como se estivesse me contando um segredo. – Mentira. Minha irmã, por algum motivo, colocou isso em cima da minha cama e eu decidi usar. Por que não? 
- Por que é ridículo, ó, senhor pirata? – insinuo, irônica e ele dá de ombros mais uma vez. 
- Vai ser divertido. Vamos. – dessa vez ele fala como uma afirmação. Quando estende o braço para mim, coloco minha mão ali e saímos do hotel, indo para a beira-mar. – A propósito... – ele diz, quando chegamos a um restaurante na beira da praia. Abre a porta para mim e eu entro no local. – Você está linda. – me conduz até uma mesa em frente à janela, e podemos ver o mar dali. 
- Boa noite. – um garçom vem até nós, sorridente e nos cumprimenta em português. 
- Boa noite. – respondo. 
- Desejam fazer os pedidos? 
- Vamos esperar um pouquinho, obrigada. – sorrio e ele assente, saindo dali. 
- Espero que você não tenha dito para ele não aceitar o meu cartão porque é roubado. – Christian diz e eu rio. 
- Por quê? Ele é? 
- Você nunca saberá. – pisca para mim, pegando o cardápio e o olhando. Faço o mesmo, e reparo que eles colocaram o nome dos pratos em português, inglês e espanhol. – Esse restaurante serve frutos do mar? 
- Estamos praticamente dentro do mar. Você achou que eles serviriam o que, pizza? – respondo e ele me olha nos olhos por um momento. Não consigo segurar o riso ao olhar de novo para o tapa olho e para o chapéu. – Você deveria tirar essa coisa. Vai assustar os clientes. 
- Os piratas sofrem muito preconceito, sabia? – reclama, mas acaba tirando ambos e colocando na cadeira ao lado. 
- Adoro frutos do mar, ok? Só pra avisar. – digo, e ele franze a testa. 
- Acho que você leu o meu diário, ok? Só pra avisar. 
- Você tem um diário? – pergunto, com um meio sorriso. 
- Você sonha em ir para a Austrália, gosta do verão e adora frutos do mar. Tem algo mais que temos em comum e eu deveria saber? – pergunta, apoiando-se na mesa. Eu faço o mesmo. 
- Definitivamente não é o apreço por piratas. Ou aranhas. – ele ri e eu faço sinal para o garçom, que logo vem até a nossa mesa. Peço um prato de camarões e um coquetel de frutas. Christian pede o mesmo. 


Christian
- Você está aqui para participar do desfile? Não sabia que era modelo. – ela diz, e parece realmente surpresa. 
- Não sou. Sou professor de química. Estou apenas fazendo um favorzinho pra minha irmã. 
- Eu coleciono livros de química, sabia? – ela diz e eu dou uma gargalhada. – É sério. Morro de ciúmes deles. 
- Então quer dizer que você é materialista 
- Claro que não! – ela riu, balançando a cabeça. Estávamos caminhando pela bela praia do Rio de Janeiro, descalços e sem a menor pressa. – Eu só... Coleciono algumas coisas, e tenho ciúmes delas. 
- Então ser materialista é o seu defeito? 
- Não é o único. – confessa, depois de uma pequena pausa, e eu sorrio. – Tenho uma longa lista deles, caso queira saber. 
- Aprecio a informação, obrigado. 
Continuamos caminhando por mais alguns minutos e passamos por uma família alemã conversando, minha acompanhante vai até eles e fala algo. Eles parecem felizes com o que ela disse e saem andando. Eu não consigo evitar a surpresa quando ela vem para meu lado novamente. 
- O que foi isso? – pergunto e ela aponta para a família, que já se afastou. 
- Isso? Ah, eles queriam saber se tinha algum restaurante perto daqui. – dá de ombros. 
- Céus, quantos idiomas você fala? – questiono e ela ri, colocando as mãos no rosto. 
- Quatro. 
- Uau. Você é mesmo surpreendente. – deixo escapar e ela sorri, olhando para o chão. Seu rubor me encanta, mas não falo mais nada. Caminhamos até o hotel em silêncio e no meio do caminho entrelaço nossas mãos. Não sei o porquê, mas fiquei com vontade de fazer aquilo e quando vi já tinha pegado sua mão. Ela não falou nada, nem me olhou. 
Paramos em frente à porta de seu quarto e ela sorri, abrindo a porta. 
- Foi uma noite muito agradável. Obrigada. – se aproxima de mim, dando um beijo em minha bochecha. Começa a entrar no quarto, mas parece se lembrar de algo e se vira para mim. – Jennifer. 
- O que? – pergunto, sem entender nada, e ela sorri largamente. 
- Meu nome é Jennifer. 


Jennifer
- Jen? – sinto que alguém me cutuca, mas apenas solto um resmungo impaciente. Que horas são? – Acorde, Jen! – dessa vez reconheço a voz de Melanie, e ela me sacode. 
- Que foi? – resmungo, enfiando a cara no travesseiro. 
- Vem comigo, preciso de você! – ela me puxa, e eu finalmente arrumo forças para me mexer. Levanto e tomo um banho rápido, quando saio de lá com um vestidinho minha prima já sumiu. “Estou na piscina”, é o que diz um bilhete deixado em cima da minha cama. Pego o celular e os chinelos, saindo do quarto. Parte de mim espera cruzar com Christian, então fico desapontada ao encontrar o corredor vazio. Por incrível que pareça, ele foi uma companhia muitíssimo agradável. Não é tão metido e arrogante quanto pensei. 
O elevador não demora a chegar e eu vou até a área da piscina. Há algo parecido com uma tenda árabe lá, e imagino que seja onde Mel está. Chegando lá perto, vejo-a me olhar e vir correndo em minha direção. 
- Sei que soa ridículo, mas você poderia, por favor, dizer pra eles que eu sou alérgica a morangos? Não tem nada que não tenha morangos aqui nessa mesa! – aponta para uma mesa lindíssima e enorme que tem lá dentro, cheia de comidas e bebidas e a grande maioria delas tem uma coloração rosa ou vermelha. 
Vou até uma garota que tem um crachá do hotel, e ela vê Melanie ao meu lado e tenta oferecer um copo de suco de morango a ela, que apenas balança a cabeça negativamente. 
- Desculpe, mas ela é alérgica a morangos. – informo a garota, em português, e ela sorri, finalmente entendendo que a recusa de minha prima não era falta de educação. 
- Tudo bem, eu posso ir buscar outra coisa para ela lá dentro. Essas são as amostras para o desfile, é o que vão servir nos camarins dos modelos. – ela me informa e eu nego com a cabeça. 
- Não precisa, podemos ir até lá. Onde é servido o café da manhã dos hóspedes? 
- No salão principal, ao lado da recepção. Vou chamar algum funcionário que fale inglês, eu só sirvo as comidas. – ela dá um sorriso de desculpas e eu sorrio de volta, negando mais uma vez. 
- Não tem necessidade, imagine. Obrigada pela informação. – me viro para sair dali e vejo que minha prima me olha com uma expressão confusa. 
- Que foi? Avisei pra ela. – dou de ombros. – Vamos, que eu estou ficando com fome. 

Depois de alguns minutos, Mel e eu estamos tomando café da manhã e conversando. O lugar está vazio, talvez por ser muito cedo, então logo vejo quando Christian se aproxima de nós. 
- Bom dia! – ele sorri. – Tinha alguma aranha no quarto ou vocês sempre acordam cedo desse jeito? – Mel ergue uma sobrancelha quando ouve a parte da aranha, mas eu só reviro os olhos. 
- Ela me acordou para que eu pudesse dizer a alguém que ela é alérgica a morangos... – é a vez de Christian erguer a sobrancelha, e minha prima me cutuca. – Que foi? Não é verdade? 
- Falando assim até parece que eu sou uma maluca. 
- Eu só traduzi. – dou de ombros, e Christian ri. Ele senta em nossa mesa e pede uma xícara de café para o garçom, que o traz quase imediatamente. 
- Tem algo que eu não entendo... – ele começa, enquanto coloca açúcar na xícara. – Nós estamos no Rio de Janeiro. Em uma cidade praiana, turística e famosíssima. Nosso hotel é conhecido e praticamente na beira do mar. Para cada lado que você olhe, principalmente no verão, verá turistas. Eu arriscaria dizer que no mínimo sessenta por cento dos funcionários desse hotel é fluente em inglês. Ou seja... – dá duas batidinhas com a colher na xícara, deixando-a em cima do prato. Desvia o olhar lentamente para Melanie, que se vira para mim, surpresa. Eu não digo nada, mas sei quão certo Chris está. Eu não precisava estar aqui. 
- Ela é minha prima e eu a queria aqui, algum problema? – Melanie parece irritada, olha para Christian com raiva e desvia o olhar rapidamente para mim. – Vou ver se a Brianna já acordou, ok? Quero fazer umas compras e sei que você não é muito fã. – dá um beijo em minha bochecha, e sai dali, me deixando sozinha com Christian, que tem um olhar confuso. 
- Eu falei alguma coisa errada? 
- Não exatamente. – eu rio. – Ela só não gosta de admitir que queira alguém por perto. Minha tia se foi há poucos meses, e era ela quem ia às viagens mais importantes com a minha prima. – dou de ombros. – Ela inventou essa história de tradutora só pra me convencer a vir junto, mas assim que cheguei aqui eu vi que era tudo besteira dela, já que ela não me pedia pra traduzir nada. 
- Uau. – ele ri, jogando a cabeça para trás e eu não posso deixar de perceber quão adorável isso parece. Reprimo o pensamento imediatamente, e Christian arqueia uma sobrancelha. – Tem algum plano pra hoje? 
- Não. – franzo a testa, em dúvida. – Por quê? 
- Quer dar uma volta? 
- Você não tem que treinar para o desfile? 
- Treinar o que? – dá um riso baixo. – É só andar por uma passarela, não pode ser tão difícil.

Para ver a original, clique aqui.

2 comentários: