30 setembro 2012

5 Canções - 4. Closer

Mais Perto

Eu estava nervoso. Na verdade, eu estava muito nervoso.
Hoje? Hoje é o dia "D".
O dia que eu vou, finalmente, dizer tudo o que eu sinto, tudo o que está entalado no meu peito há tanto tempo.
Finalmente chegou o dia quando eu vou poder olhar nos olhos da minha melhor amiga e dizer que eu não quero só a amizade dela. Dizer que eu sou louco por ela e quero viver ao lado dela. Na alegria e na tristeza, na saúde e na doença e em todas essas besteiras.
Então, bom... Deseje-me sorte.

O caminho da minha casa até a dela nunca pareceu tão longo. Caramba, eram apenas três quadras! Mas a sensação é que eu já tinha dado no mínimo dez voltas no quarteirão.
Passei a mão pela testa, querendo secar o suor. Não, não estava calor.
Geralmente, naquele dia da semana, eu sempre ia até a casa dela e ficávamos lá a tarde inteira, fazendo o que tivesse pra fazer.
Na maioria das vezes, nada.
Parei em frente ao prédio dela, ainda nervoso. Como um idiota, comecei a arrumar o meu cabelo e checar se minhas roupas estavam amassadas.
Quando terminei, subi direto.
O porteiro me conhecia e, por isso, eu não precisava mais tocar.
Cheguei em frente à porta do 23 e respirei fundo. Bati duas vezes.
Na terceira, a mãe dela veio atender.
- Oi, tia! - e futura sogra.
- Ah, oi, Tom.
Entrei no apartamento e fui direto pra sala, mas não tinha ninguém ali.
- Você vai esperar a Ash chegar? - estranhei a pergunta.
- Ela não está? - disse, confuso.
- Ela saiu com um tal de Mike. - a mãe dela informou e eu arregalei os olhos. - Pensei que tinha te avisado.
Eu continuava sem reação, parado ali no meio da sala. Quem era esse filho da puta que atendia pelo nome de Mike?
- Senta aí, ela deve chegar daqui a pouco!
Joguei-me no sofá e fiquei ali, tentando me lembrar quem, diabos, era Mike e quais as probabilidades de eu correr algum risco por causa dele.
- Tudo bem, Tom, você só tem que esperar! - disse pra mim mesmo, tentando me acalmar.
Liguei a TV e fiquei zapeando pelos canais durante mais ou menos... TRÊS HORAS!
Eu suava frio. Eu queria matar a Ashley.
Não, na verdade, eu queria matar o tal de Mike!
Ouvi um barulho na porta e me levantei. Cruzei os braços na entrada da sala e vi Ash entrando, acompanhada de um cara claramente mais alto, mais forte e mais velho que eu.
- Oi, Tom, você tá aqui! - Ash disse, vindo me abraçar, mas eu não esbocei nenhuma reação. - Este é o Mike! - ela apresentou e o cara acenou com a cabeça pra mim.
Tudo bem, o universo pelo menos uma vez podia conspirar ao meu favor e fazer esse tal de Mike ser um nerd, feio e com um aparelho enorme, e não o filho da puta que estava parado à minha frente, parecendo um modelo da Calvin Klein.
Não que eu repare nos modelos da Calvin Klein, claro.
- Onde você estava? - perguntei, sem dirigir nenhuma palavra ao infeliz parado perto da porta.
- Fui até a casa do Mike... - O QUÊ? COMO ASSIM FOI ATÉ A CASA DELE? - ...Esqueci de te avisar que ia sair...
- É, esqueceu...
Ash foi até o quarto dela e me deixou sozinho com o modelo imbecil. Então eu fiquei ali, sendo obrigado a me comparar com ele e chegar à óbvia conclusão de que qualquer garota que nos visse preferiria ele.
Bufei irritado e, quase ao mesmo tempo, Ash voltou.
- Aqui, Mike! - ela disse, entregando um CD dos Strokes pro cara.
Espera, eu tinha dado aquele CD a ela! Ah, traidora!
- Obrigado, Ash... - ele disse e deu um beijo no rosto dela, antes de ir embora.
Esperem... Ele chamou ela de Ash? Que porra de intimidade era essa? E por que ele deu um beijo nela?!
Depois que o cara foi embora, continuei encarando Ash com ferocidade, esperando uma explicação.
- O que foi? - ela perguntou, inocentemente, indo até a sala.

No fim, ela me explicou que o Mike era apenas um vizinho que tinha acabado de se mudar pra cidade ao lado, e ela estava apenas ajudando ele com a mudança.
Na volta, enquanto conversavam, começaram a falar de música e ela disse que lhe emprestaria o CD dela.
Mais aliviado, adiei a história de contar pra ela. Contaria mais tarde, afinal, meus nervos ainda estavam tensos.

Assistimos o que pareceram ser trezentos filmes, enquanto, como sempre, trocávamos xingamentos, fazíamos brincadeiras e falávamos mal dos personagens. Mas eu tinha que me esforçar pra parecer natural, já que eu estava nervoso e pensando em como dizer tudo o que eu queria a ela.
- Ash, eu preciso... - comecei, mas fui interrompido pela campainha.
Ash foi atender. Era a mãe dela, que tinha ido até o mercado e esqueceu a chave.
- O que você tava falando, Tom? - Ash me perguntou, quando voltou pra sala.
Respirei fundo e comecei de novo.
- Eu queria conv... - parei de falar, já que dessa vez fui interrompido pelo telefone tocando.
Ash riu, aparentemente achando graça do fato de que eu não conseguia dizer o que queria sem ser interrompido.
Ela esticou o braço para o aparelho e atendeu.
Ficou a porra de uma hora inteira conversando com uma amiga dela, enquanto eu apenas revirava os olhos.
Tava difícil, mas eu não sairia dali até falar o que eu queria!
Quando ela finalmente desligou, decidi ser direto.
- Ash, eu preciso conversar com você! - eu disse, com uma coragem que nem parecia ser minha.
Ela ajeitou-se mais perto de mim no sofá, de um modo que pudesse me ver e sorriu, querendo que eu prosseguisse.
Engoli em seco.
- Eu queria te dizer... Estou a algum tempo querendo te dizer... - E aí eu parei, porque fui atacado por uma crise de tosse violenta.
- Calma, Tom! - Ashley dizia, gargalhando de mim.
Meus olhos já estavam se enchendo d'água quando consegui parar de tossir.
- Você tá vermelho! - Ash acusou, rindo ainda mais.
O que eu fiz pra merecer isso? Joguei merda na porcaria da cruz, foi?
- Tudo bem, agora me diga, ou morra tentando! - Ash disse, feliz.
- Engraçadinha... - resmunguei, revirando os olhos. - Preciso te dizer que... - olhei nos olhos dela, que estavam com um brilho lindo. Ela estava feliz e, mesmo que fosse feliz por causa das desgraças ocorridas comigo, eu me senti bem por saber que, de um jeito ou de outro, eu a fazia feliz. - Você me faz feliz. - eu disse. Culpa dos pensamentos que estava tendo. Vi Ash erguer uma sobrancelha e sorri. - Eu gosto de ficar perto de você, eu me sinto bem quando eu tô com você... - continuei, empolgado por não ter sido interrompido por nenhuma outra catástrofe - Eu... Eu gosto demais de você, Ash. Eu acho que eu te...
Fui interrompido novamente, mas dessa vez foi por uma Ashley me abraçando fortemente e me dando beijos no rosto.
- Que fofo! - ela disse, sorrindo bastante, um pouco corada. E ela ficava linda daquele jeito.
- Espera, eu nem acabei... - eu falei, sorrindo com ela.
- Nem precisa, Tom. - ela me interrompeu e eu sorri mais. Finalmente ela tinha entendido! - Eu sei que nós não falamos muito de sentimentos e essas coisas... - ela disse, olhando pras mãos. - Mas eu sinto a mesma coisa com relação a você!
Sorri, meio bobo. Ela levantou a cabeça e olhou nos meus olhos.
- Você é a minha pessoa, sabe? - ela disse, corando violentamente - A pessoa com quem eu sempre quero estar e que eu sei que sempre vai estar comigo. Você é e sempre vai ser o meu melhor amigo!
Foi nessa hora que tudo desmoronou. Que eu tive que fazer força pra manter o sorriso no rosto, só pra não decepcioná-la.
Foi nessa hora que eu percebi o idiota que eu era, que eu quis me enterrar ali e não sair nunca mais, que eu me senti a pessoa mais feliz e mais infeliz do mundo.
Ali estava a minha melhor amiga, praticamente me dizendo que não conseguiria viver sem mim, mas sem sentir nem ao menos metade do que eu sentia por ela.
Foi nessa hora também que eu quis bater nela. Por que ela tinha que ser lenta, burra, idiota ao ponto de não entender onde eu queria chegar?
- A garota que você gosta tem muita sorte! - ela finalizou, me abraçando.
Retribuí seu abraço, sentindo o cheiro dela e tentando segurar uma maldita de uma lágrima que queria escapar.
Eu já estava gay o suficiente, não precisava chorar também.
Quando ela se afastou, fiz a única coisa que fui capaz de fazer.
- Era... Era exatamente isso o que eu queria dizer.
E aí tudo acabou. O dia "D", o plano estúpido, a minha esperança...
É, eu desisti.
Desisti porque eu não seria capaz de colocar em risco tudo aquilo. Eu era a pessoa dela. O melhor amigo com quem ela sempre poderia contar. E se eu a fazia feliz desse jeito, era assim que as coisas iam ser.
Não pense que eu desisti por amar de menos. Na verdade, eu desisti por amá-la demais.
E, naquela noite, sozinho no meu quarto, tudo o que eu pude fazer foi pegar meu violão e tocar insistentemente a mesma música, que traduzia um pouquinho de tudo o que eu queria e desisti de ter.
And when I see you then I know it will be next to me. And when I need you then I know you will be there with me. I'll never leave you...Just need to get closer, closer... Lean on me now, lean on me now... Closer, closer, lean on me now, lean on me now...*

*E quando eu te vejo eu sei que estará do meu lado. E quando eu preciso de você, então eu sei que você estará lá comigo. Eu nunca vou te deixar. Só preciso estar mais perto, perto... Conte comigo agora. (Closer - Travis)

Um comentário:

  1. oiiiii ki sadadi rsrs hein eu amei vc ter divulgado pa mim bigadu a e bigadu tmb por ter gostado do especial jemi rsrs e eu to reativando o love never dies ... vc tem ki posta logo u capitulo se não eu morro de curiosidadeeeee kkkkk love u friend por favor postaaaaa loooogoooooo
    sua fic ta esplendida
    love u

    Búhh song s2

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